Nas duas Guerras Mundiais, a paz teve definições, de apoiar a que não viesse a repetir-se novo desastre equivalente, modo de reconhecer que a importância da então solidariedade entre os vencedores conseguiu uma larga adesão, o que na situação atual do século sem bússola em que vivemos parece menos segura. Mas na primeira daquelas guerras (1914-1918), teve decisiva intervenção o presidente Wilson com o princípio do Estado nacional, não tendo conseguido que os EUA assinassem a carta da Sociedade das Nações, mas pessoalmente convicto da importância do que foi chamado tribunal da opinião pública mundial confiante no princípio que teve aplicação..No fim da Segunda Guerra Mundial, a publicação da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) foi tão complementar, que chegou a ser considerada o início do processo que conduziria ao ponto final do colonialismo. Não foi porém o que aconteceu, em vista dos conflitos interiores, nas colónias dos europeus. Da ONU não foram eficazes, para a mobilização da procurada pacificação, nativas proclamações: a parte em que a Carta da ONU anunciava a) nós, povos das Nações Unidas, determinamos "igualdade entre homens e mulheres; b) na Declaração de Direitos Humanos declarava que tais direitos eram "um padrão para todos os povos e nações"; na Carta afirmava que a determinava "salvar as gerações vindouras do flagelo de guerra". Todavia na Conferência do Cairo de 1957, com Nasser a desempenhar um papel internacional de primeiro plano defensor, proclamando que era a antiga situação colonial que unia, os agressores mesmo que os agredidos não fossem povos de cor, e que todos deviam mobilizar-se contra as antigas soberanias opressoras, porque todos contestavam as mesmas coisas, sendo todos ocidentais..Por isso o professor Olteanu (Harvard) declarou, em reunião da Associação Internacional para a Defesa da Liberdade Religiosa (2020) em que participou o secretário-geral da ONU (2020) que "o perigo que nos ameaça hoje não é, como dizem alguns, o choque das civilizações mas a consciência de valores partilhados, e principalmente, a ausência de coordenação internacional e de diálogo entre os diferentes atores". Acontece que, neste ano, dois factos de importância, respetivamente em Cabo Verde e Angola, dois países de língua portuguesa, tenham contribuído para fortalecer, no bom sentido, o espírito do professor Olteanu, e o primeiro é a tese de doutoramento de João Paulo Madeira (ISCSP) intitulada Nação e Identidade - A Singularidade de Cabo Verde; a outra é uma tese de doutoramento de Jesus António Tomé intitulada Representações da Cidadania e da Paz na Sociedade Angolana Contemporânea. A importante tese sobre "Cabo Verde" tem significado e importância pela investigação sobre "A Génese de Cabo Verde", os fundamentos histórico-sociais, arquipélago sem habitantes quando descoberto, e o povoamento deu ao seu processo homogeneidade e heterogeneidade entre as ilhas, com herança euro-africana, finalmente emergindo a nação, cuja identidade nacional foi apreciada pela elite cultural africana criando um Estado que tem pacífica relação com Portugal, e em especial com a União Europeia..É realmente fruto de uma verdade singular entre os Estados cuja génese conduziu à identidade cultural nacional, historicamente, dentro do Estado português, com o qual manteve, vivem, ou aqui passam sempre recebidos com apreço e solidariedade. A separação foi pacífica, e por isso sem precedentes nos Estados que foram colónias. A tese sobre Angola assume na história nacional de Angola as violências que muitas colónias de sede europeia de poder tiveram, e não só em África, porque importante não é o tema da relação entre o Estado nascido da libertação colonial do território e o povo, mas sobretudo entre o Estado que é constitucional e a democracia que animou as organizações e intervenções da ONU. As intervenções da ONU com os seus valores que abrangiam povos, etnias e culturas, em todas as colónias que tiveram um processo de violência, podem ter na história avaliada com afirmada dor que foram colónias portuguesas. E os seus movimentos que participaram no processo não tinham, como Cabo Verde, a identidade de Nação: de facto o que exigiam era a liberdade do seu povo, com um pluralismo que viram o seu território cujas fronteiras e pluralismo do colonialismo que frequentemente desafiou a paz entre os intervenientes. O que de facto pretendiam, quando pediam "libertem o meu povo", era a derrota do "poder extrativo", sabendo que, assumida pela libertação não assegurou uma relação imediata com a democracia. A literatura usada, e a proposta que pode chamar-se de "autenticidade", valeu-lhe ser aprovado doutor com a mais elevada classificação da Faculdade de Letras de Lisboa. Angola verá enriquecida a já apreciável qualidade de cientistas.