O tempo corre e nós com ele – por vezes, parecemos fazê-lo a par dos ponteiros, noutras vezes aceleramos ou o seu contrário. Divago por bons motivos. No final de outubro, dias 27 e 28, a Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras coorganiza um dos mais importantes fóruns mundiais sobre cooperativismo. Estamos empenhados para que o Global Innovation Coop Summit 2025 (GICS) contribua com ideias, experiências, projetos e partilhas que possam ajudar à criação de genuínas pontes de entendimento.A escolha de Torres Vedras, e da instituição que lidero, para suceder às edições de Paris e Montreal, é uma responsabilidade. Não apenas pela dimensão da iniciativa, com representantes dos Estados Unidos e do Brasil, do Canadá e de Espanha, de França e do Haiti, do Japão e da Bélgica, da Malásia e dos Camarões, da Escócia e da Itália, de Inglaterra ou dos Países Baixos, de Portugal, claro… não apenas por esta dimensão planetária, mas por ser um encontro num ano que as Nações Unidas declararam ser o da celebração do Cooperativismo. Uma declaração com evidentes contornos políticos, afinal o mundo precisa de ideias que unam, que possam ir ao encontro do que as comunidades precisam, que saiba potenciar o fazer com os outros e para os outros. Sustentadamente e sem a marca de um egoísmo autocentrado em interesses individuais. A ONU aposta no cooperativismo como marca distintiva de uma ideia de Bem. Aposta que pequenas mudanças podem gerar grandes transformações. Aposta que a saúde da democracia, ou a sua sobrevivência, também passará pelo que aqui se poderá construir.Os países em que o cooperativismo tem uma influência decisiva são os mais desenvolvidos, os que têm a marca da cultura que é sempre um motor de tolerância. Só os países com níveis de literacia relevantes são capazes de desenvolver projetos cooperativos relevantes. Só quem tem horizontes abertos consegue compreender o outro, só quem respeita as diferenças se abre naturalmente às diferenças do mundo. Se nos fixamos no nosso umbigo ficamos apenas do nosso tamanho, há até quem possa enriquecer, mas condenado a ser pobre por nada contribuir para o todo.O tema central de discussão no GICS será o da Inovação. Novas ideias que se fortaleçam em parcerias internacionais. Convido-vos a estarem atentos. A acreditarem no cooperativismo e na identidade das verdadeiras caixas de crédito agrícola. O nosso objetivo é inspirar e ser inspirados. Influenciar e ser influenciados. Seduzir e ser seduzidos. Queremos que todos os participantes possam embarcar para os seus países com novas ideias e uma convicção absoluta de que o futuro passará também pelo que formos capazes de construir em conjunto. Investindo na economia, emprestando dinheiro em quem gera vida e futuro, devolvendo às comunidades a confiança que é a nossa matriz. De Torres Vedras para o mundo. Quatro continentes representados. O que nos une é esta coisa extraordinária de estarmos aqui, uns com os outros.Presidente da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedrasmanuel.guerreiro@ccamtv.pt