Eixo Teerão-Tindouf revelado!

Publicado a

Os marroquinos também sofrem à portuguesa, já que podem passar vinte anos a dizer o mesmo e ninguém os ouve, até ao dia em que aparece “o estrangeiro”, essa entidade validadora, dizer exactamente a mesma coisa, ao que todos/as respondemos, “eu já sabia!”, “eu não disse!”, ou ainda, “bruxo!”. 

Desde 2018 que as autoridades marroquinas vinham alertando, à medida que recolhiam as primeiras provas, do apoio financeiro e logístico do Irão à POLISARIO, através do proxy Hezbollah. Veio agora o estrangeiro Washington Post validar este crescendo de suspeitas, com a publicação de um report on Hezbollah, que confirma o treino/capacitação iraniana a membros do grupo independentista com base na Argélia. Muitos deles estão actualmente presos na Síria, a “prova provada” do eixo Teerão-Tindouf, que em 2018 forneceu mÍsseis terra-ar “pela surra”, mas é em 2022, com a “cagança exigida” que representante de Tindouf anunciou a salvação aquando da chegada de drones kamikazes, Made in Iran

Das distâncias e percepções 

Tudo isto parece lá longe e ao fundo, mesmo a próxima Argélia! Mas desengane-se, porque faz agora sentido o que na altura, pouco depois do “7 de outubro” de 2023, pareceu mais um desabafo que uma ameaça séria de Teerão. Em dezembro do mesmo ano o Comandante dos Guardas Revolucionários, Brigadeiro-General Mohammad Reza Naqdi, ameaçou bloquear o Estreito de Gibraltar, fazendo do Mediterrâneo o Mare Clausum que já foi, caso americanos e israelitas continuassem os crimes em Gaza! Não se reconheciam capacidades ao Irão e seus proxys na altura, que permitissem alcançar a Península, a nossa “Jangada de Pedra”! 

Perante estes novos factos/provas, o passo seguinte, das chancelarias e ministérios da defesa, de todos os interessados, europeus e africanos, deverão estar a ponderar mecanismos para pressionarem uma POLISARIO na lista de grupos terroristas do Departamento de Estado Americano. O momento Trump presta-se precisamente a isso! 

Porque é que isto é importante para Portugal? 

Porque de Lisboa a Gibraltar é como “de Lisboa a Bragança, são sete horas de distância”, porque Portugal terá um novo governo em breve e, seja ele qual for, continuará perdido e “sem viagra” para nos motivar, porque não terá projeto com faísca para apresentar. No curto prazo, basta terminar o Mundial 2026, para o assunto passarmos a ser nós e Marrocos e Espanha, 2030. Temos um protocolo assinado em 2021 para a ligação marítima Portimão-Tânger e ainda não será este Verão! Portugal arrisca-se a perder este comboio, como o Costa perdeu uma maioria absoluta, com o vento todo a favor!  

E por último, é também importante, que o próximo governo seja finalmente claro sobre se o Sahara é Ocidental ou Marroquino, até para definir que tipo de aliados somos. Permanentes, ou só para a bola, ao fim-de-semana? 

Politólogo/Arabista 

Professor do Instituto Piaget de Almada 

www.maghreb-machrek.pt 

Diário de Notícias
www.dn.pt