A adoção de ferramentas de Inteligência Artificial no contexto empresarial tem estado em forte crescimento nos últimos anos. Segundo o mais recente estudo de Global Insights da Experis, sobre estratégias de IA centradas nas pessoas, atualmente 41% das empresas em Portugal já recorrem à IA, sendo que se prevê que este valor atinja os 79% até 2027..Segundo o mesmo estudo, 74% dos inquiridos consideram ainda que a IA irá ter um impacto positivo no desempenho das suas organizações, nos próximos 2 anos. .A prazo, os impactos da IA na empresa e no talento serão ainda mais amplos, transformando a forma como trabalhamos, gerimos equipas, avaliamos o desempenho ou as desenvolvemos e capacitamos para novas funções. Ainda assim, a velocidade com que estas novas tecnologias serão adotadas, estará fortemente dependente da evolução a observar num domínio fundamental, que precisa de ser enfrentado de forma responsável e eficaz para uma transição verdadeiramente inclusiva. Estou a referir-me à capacidade do talento para trabalhar com a IA e tirar partido da mesma. .A experiência mostra-nos que estas novas tecnologias podem ser um poderoso aliado para expandir em vez de substituir as capacidades humanas. No entanto, para poderem aproveitar o potencial da IA para impulsionar o crescimento e os ganhos de produtividade, as empresas têm de dar a prioridade às pessoas e investir claramente na sua capacitação..Atualmente, a elevada velocidade da transformação tecnológica faz com que seja difícil para os trabalhadores manterem as suas competências atualizadas. Em particular, as tecnologias imersivas, como a IA e a RV, estão a transformar os tipos de competências que os colaboradores precisam, mas a força de trabalho atual está muito pouco preparada para esta mudança. A título de exemplo, e segundo dados do Immersive Tech Report da Experis, 63% dos trabalhadores entrevistados no estudo não tinham qualquer experiência na utilização do Metaverso num contexto profissional. .Para garantir que os indivíduos podem prosperar ao longo das suas carreiras e acompanhar a evolução tecnológica, os empregadores necessitarão de promover um ecossistema que apoie os trabalhadores nessa transição, mediante formação, upskilling e exposição a novos desafios e funções, que lhes permitam desenvolver continuamente as suas competências. E este esforço deve ser abrangente a todas as gerações de trabalhadores, e não apenas aqueles profissionais em meio de carreira..Sabemos que a força de trabalho está a mudar e, até 2030, os Millennials e a GenZ irão constituir a coorte maioritária entre os trabalhadores. Estas são gerações ditas “nativas digitais”, facto que lhes permitiu abraçar desde cedo o potencial da tecnologia nas suas vidas pessoais e profissionais. No entanto, devemos ter cuidado ao supor que todos os jovens sabem como encontrar e usar as tecnologias mais recentes baseadas em IA. Na realidade, são profissionais altamente proficientes com smartphones, por exemplo, mas que muitas vezes têm dificuldades com tarefas de computação mais tradicionais, não tendo, por isso, desenvolvido as competências necessárias para os dotar de uma verdadeira literacia digital, facilitadora da adoção destas novas ferramentas. Nesse sentido, é fundamental garantir uma capacitação tecnológica eficaz para trabalhadores de todas as gerações. E aqui, a evolução esperada na formação, com a crescente adoção da IA, para assegurar uma hiperpersonalização dos programas formativos, e da Realidade Virtual e Aumentada, para a criação de experiências imersivas mais motivadoras, será seguramente um importante acelerador. .É de interesse coletivo garantir que a adoção da Inteligência Artificial no contexto empresarial permite superar desafios e aumentar a produtividade. Por esse motivo, é fundamental que as empresas consigam garantir que ninguém fica para trás nesta transição. O futuro é efetivamente mais tecnológico, mas serão sempre as pessoas que permitirão que qualquer organização supere desafios e atinja o sucesso.