As tendências primavera-verão no Magrebe 2025!
O nevoeiro é como as dores de dentes, só o/as sentimos quando estão instalados. E o nevoeiro tem-se instalado e adensado este abril, entre França e Argélia. O contexto, é o de fim de era, com a Marcha Verde a celebrar o 50.º aniversário em novembro próximo e Marrocos e França a quererem dar um closure à disputa sahraoui. E a estocada final será conseguir acrescentar a POLISARIO à lista de grupos considerados terroristas, pelo Departamento de Estado Americano!
É perante esta possibilidade, que o nevoeiro diplomático com França se transformou em tempestade de areia com o Mali, a quem Argel acusa de abandonar o Acordo de Paz de 2015. Bamako e a Junta Militar defendem-se, acusando os argelinos de apoiarem os separatistas do Azawad (norte tuaregue do Mali). Consequentemente a Junta Militar passou a concentrar as suas acções no Norte, junto à fronteira argelina. No início do mês foi abatido um drone vindo do Mali, em espaço aéreo argelino, acelerando a espiral das decisões: Espaço aéreo argelino interdito a voos do, e para o Mali. Em solidariedade com o Mali, os aliados Burquina e Níger, replicaram a retirada maliana do(s) seu(s) Embaixador(es) em Argel. A Argélia respondeu na reciprocidade às três juntas militares da Aliança dos Estados do Sahel.
Acrescentar ainda que a oito de abril, os ficheiros da Segurança Social marroquina, foram alvos de um ciberataque com origem argelina, ao que se seguiu contra-resposta à altura. Esta tem sido a tendência primavera-verão no Magrebe 2025!
Sugestões, propostas, soluções: O momento é sério, são gerações de generais preparados para a batalha final, a sentirem as placas tectónicas a fugirem-lhes ainda mais debaixo dos pés, que em 1991, com o fim da União Soviética. O terramoto actual é Trump, mas esse é global. Se os argelinos se ouvirem uns aos outros e aos outros também, as coisas podem acontecer pelo racional!
O que dizem os locais: O Sul pede estradas e ferrovia para se ligar ao norte, pede infraestruturas para garantir a fixação das populações, pede electricidade, água e agora fibra óptica! Pede centros universitários e médicos de referência, que possam atender além-fronteiras, já que estão na raia! E quem vive na raia, nunca vê separação numa fronteira, antes cumplicidade, já que se reconhece na condição do outro, a quem quando ganha estima, facilita.
Muito facilitaria à vizinhança, poderem abrir contas bancárias nos “CTT argelinos”, bem como usufruir dos demais serviços, através da extensão da rede móvel argelina além-fronteiras. Comunicar, aproximar, o que também fará sentido numa potencial rede de telescolas em língua hassaniya.
Coisas simples, pede o Sul!
Politólogo/arabistawww.maghreb-machrek.pt
Escreve de acordo com a antiga ortografia