As mentiras das climáximas
É possível viver sem combustíveis fósseis”, disse aos microfones da CNN Portugal este sábado uma das autointituladas ativistas da Climáximo que cortaram o trânsito na Praça do Chile, em Lisboa, em mais uma ação de “choque” à “crise climática” que, dizem, estamos a atravessar. Pequeno problema desta frase: é mentira.
Se por um passe de magia amanhã fossem eliminados os combustíveis fósseis, todo o sistema de produção e distribuição de bens essenciais parava. A começar pela comida.
Não existe alternativa tecnológica, no momento, para substituir os motores a diesel das máquinas agrícolas e dos transportes destes bens. Os veículos a bateria elétrica não funcionam para a indústria pesada, algo que estas raparigas - e rapazes, mas estas demonstraram naquele dia falar sempre no feminino - parece que não percebem. Ou, então, mentem, porque a sua agenda é de facto outra...
É assim: sem fóssil não há turbinas eólicas para fazer eletricidade “verde”.
Mas já que uma das máximas das climáximas é mudar pequenos hábitos para ter efeitos globais, não percebo como convivem com coisas como: a roupa que vestem está impregnada de fóssil, do elastano das peças interiores ao nylon dos impermeáveis; a fita cola que terão usado para fazer os rolos de cartolina, com que prenderam as mãos umas às outras quando cortaram as ruas, é de plástico, um derivado do petróleo; as tintas que usam de cada vez que decidem pichar paredes, como as do Castelo de São Jorge, vêm em baldes sintéticos (isto, além da origem dos pigmentos). Depois, para limpar aquilo, não lhes interessa a poluição das máquinas. E nem vamos falar do material de que são feitos os copos higiénicos defendidos por estas ativistas nas redes sociais...
A transição energética é uma obrigatoriedade e está a fazer-se - impulsionada, como sempre, pelos melhores cérebros da sociedade, pela inovação e pelo mercado. Em lugar de cortar estradas e, com isso, poluir ainda mais - com os carros que obrigam a desviar o seu caminho - que tal irem estudar como fazer uma lâmpada ou uma bateria ainda melhor? Mas isso dava trabalho.
Editor do Diário de Notícias