As Eleições Presidenciais nos EUA vistas por um português da América
Os norte-americanos vão ser uma vez mais chamados a decidir o futuro da mais poderosa e influente nação do mundo, os EUA, quando a 5 de novembro decidirem quem será o novo inquilino da Casa Branca, em Washington, no 60º ato eleitoral presidencial quadrienal, que opõe a atual vice-presidente Kamala Harris e o seu parceiro Tim Walz, governador do Minnesota, ao candidato republicano Donald Trump e o candidato a vice-presidente J.D. Vance, senador do Ohio.
A dupla democrata assume uma luta por um futuro melhor, principalmente a classe média, a defesa intransigente das liberdades individuais e coletivas, Direitos Humanos, na defesa e reconhecimento do contributo dos imigrantes na defesa de uma sociedade mais solidária, na sua diversidade cultural, contribuindo para o engrandecimento do país.
Após um período de incertezas, com as figuras da cúpula do partido a aconselharem Biden a não se candidatar, devido ao seu estado precário de saúde mental, eis que o Partido Democrata, agora com Harris e Walz, ganha novo fôlego e ímpeto, com apoios vindos de todo o lado - e até mesmo de movimentos independentistas -, mais ou menos conservadores, que querem evitar o regresso de Trump à Casa Branca.
A dupla republicana Trump/Vance também reclama um futuro melhor para todos os americanos, reforça a política do protecionismo, da “América em primeiro lugar”, do aproveitamento dos recursos naturais dos EUA e de outras questões primordiais que requerem certa urgência de resolução: o reforço da segurança na fronteira-sul do país, o combate à inflação e criminalidade, o aborto, entre outras questões relacionadas com a Saúde, Educação, imigração e a política externa: a rápida resolução das guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, mantendo uma política de mão firme perante países como a Rússia, Irão, Coreia do Norte e a China.
Uma das grandes questões prioritárias que ambos os candidatos apresentam nas suas agendas é a imigração e o combate à criminalidade, sabendo-se que os eleitores, nesta matéria, confiam mais nos republicanos do que nos democratas.
A situação na fronteira sul é caótica tornando-se urgente a imposição de medidas de combate à raiz do problema, tarefa não apenas dos EUA, mas também dos países de proveniência. Para isso há que implementar políticas de cooperação entre os países envolvidos, sobretudo entre o México e os EUA.
O debate entre Harris e Trump, a acontecer em setembro, vai certamente contribuir para clarificar o eleitorado, quando estamos a três meses das eleições.
É óbvio que o país está profundamente dividido quanto à escolha do próximo presidente dos EUA e isso é perfeitamente normal numa sociedade com grande diversidade étnica, racial e cultural. Mas o que não deve ser tolerado é a prática de uma doutrina que promove o fundamentalismo, o radicalismo, o boicote, o ataque pessoal, a mentira, a corrupção, já para não falarmos de outros flagelos, como a discriminação e o racismo, que infelizmente vamos constatando. Esta deterioração de valores é preocupante.
Há casos, mesmo até no seio da comunidade portuguesa, em que as pessoas têm receio de afirmar publicamente os seus ideais políticos ou crenças religiosas por serem agredidas mentalmente, ridicularizadas em conversas de café, e isso não pode acontecer numa sociedade tolerante, acolhedora e solidária.
O radicalismo, as mentes atrofiadas, o narcisismo e o boicote devem dar lugar ao diálogo e respeito mútuo na prática e vivência de uma cultura democrática.