AQMI - ‘Back to the future!’

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O ponto de partida para este estado d’alma, foram duas memórias assinaladas sábado no Facebook. A primeira, de 2017, era la une do Libération com A América à procura de um/a baby-sitter no título, e um Trump quase-com-orelhas-de-burro, mas virado para a frente!

A segunda, de 2016, uma partilha pertinente do meu amigo Francisco Henriques da Silva, patriota da guerra e da paz, com assinatura reconhecida. Escreveu o seguinte, há nove anos:

“A nossa preocupação obsessiva com o Estado Islâmico (Daesh) faz-nos esquecer uma outra realidade (Al Qaeda, que aparece sob diferentes formas e designações) que vai fazendo o seu caminho e que se está a agigantar. Não nos esqueçamos que a rede estende-se desde o Atlântico à Ásia”. Seguido de ligação para artigo do nouvelobs, que apresenta mapa de África e parte da Ásia, picotando a presença da Al-Qaeda, enquanto Internacional Terrorista!

As “diferentes formas e designações” que o Embaixador Henriques da Silva mencionou, deram-lhe razão há uma semana, sob a forma JNIM, o Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos, no Burquina Faso, ao anunciarem a chacina de 200 soldados na Base Militar de Djibo, no norte!

O que é que mudou desde 2016 no Sahel?

Primeiro, a soberba da expulsão dos franceses do Burquina, Mali e Níger desde 2022, abriu vazios nas informações militares, civis, humanas e tecnológicas, que russos nunca conseguiram preencher;

Segundo, isso tornou um cenário Back to The Future possível e actual, já que a pulverização das pequenas células e grupos terroristas está equivalente ao de há 9 anos, em pleno momento Estado Islâmico;

Terceiro, o cenário regional de fundo é, “tipo, imagina, Olivença revolta-se contra a Europa e apresenta o imperativo da CEE do Mediterrâneo”! É verdade, Mali, Burquina e Níger, desde agosto de 2020, foram o dominó das teorias, que se derrubaram entre si, ao saírem da CEDEAO, “a CEE da África Ocidental”! Constituíram a Aliança dos Estados do Sahel, aderiram à protecção russa e jogam agora o fim da CEDEAO e do Franco CFA;

Quarto, perante este “imperativo de Olivença”, será espectável uma espiral de ataques sob a nebulosa da Al Qaeda do Magrebe Islâmico – AQMI – da qual o JNIM faz parte. Para além de Djibo, Loroum e Sole também foram atacadas, ficando também desde já estabelecido que a tática actual, não é o toca-e-foge, mas a ocupação total de pequenas localidades, a partir das quais projetam força para ocupar a próxima.

Este trabalho de formiguinha está em curso e vai obrigar à intervenção dos grandes, que só então levarão a sério esta tensão sobre o futuro da CEDEAO e a debaterão enquanto cenário para uma pacificação regional.

Politólogo/arabistawww.maghreb-machrek.pt

Escreve de acordo com a antiga ortografia

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