Angola - Presidente da União Africana 2025: 'les enjeux'!

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O presidente (PR) João Lourenço será, a partir do 1.º de Fevereiro, também PR da União Africana (UA), durante o corrente ano.

Quais os desafios para esta “Angola-2025”?

Paz e segurança: Mediação do conflito no Leste da República Democrática do Congo (RDC), com o Ruanda, mais facções hútus de ambos os lados da fronteira. A mediação Lourenço não conseguiu, ao longo de 2024, sentar à mesma mesa Felix Tshisekedi, PR da RDC, e Paul Kagame, PR do Ruanda. Dentro de duas semanas terá outro peso e legitimidade reforçada, pelo que as perspectivas de paz na Palestina e Ucrânia poderão forçar tendências noutras geografias. Esta vaga permitirá também ao PR da UA “vestir a samarra da lusofonia” e assumir a mediação em Moçambique, entre “os dois presidentes”: o empossado PR Daniel Chapo e o desafiador Venâncio Mondlane, que continua a forçar uma “Primavera Moçambicana”!

Neste âmbito, o PR Lourenço e Angola poderão reforçar a sua posição, mais a centralidade de África, em tudo o que toca à lusofonia. É por Luanda que África vai passar em 2025? Então, a lusofonia também por aí terá de passar, dando oportunidade a Angola na afirmação de uma nova centralidade, que tem de ser entendida “do Minho a Timor”, dinâmica, autónoma, com iniciativa, sem pudores, enfim pujante! E “do Minho a Timor”, todos/as contamos com Angola nesta oportunidade de ruptura com a centralidade metropolitana!

Integração económica e regional: Desde o 1.º de Janeiro de 2021, África, sob a égide da UA, constitui-se na maior Zona de Comércio Livre do Mundo! Em rigor, na Zona de Comércio Livre Continental Africana. Ora, a eliminação de barreiras tarifárias e a promoção do comércio intra-africano estão em vigor. Mas de que serve se não há estradas a ligarem países, se não há postos fronteiriços e até marcos de delimitação fronteiriça? Está tudo pronto, mas nunca funcionará enquanto um ugandês pagar mais barato por tulipas vindas da Holanda, quando as mesmas foram colhidas no vizinho Quénia, nunca chegando a Kampala! São estas as contradições africanas que o PR Lourenço enfrentará, mais a necessidade da diversificação das economias mono-produtoras. O Corredor do Lobito (Angola) e a Porta Atlântica de Dakhla (Marrocos), são infraestruturas essenciais para a mitigação de assimetrias no/do continente, entre ribeirinhos e “periferia interna”, bem como símbolos da dimensão dos desafios e urgências de sul para norte.

Democratização e boa governação: A promoção das práticas de boa governação, deverão acompanhar e ser acompanhadas das reformas necessárias no seio da UA. E, neste âmbito, o PR Lourenço poderá ser o Soba que saberá impor respeito, já que “democratização, boa governação e reformas, tudo em pacote”, dependem sobretudo do ego de cada líder. Domar esses egos, será o princípio das reformas, já que terá reflexo imediato nas votações em assembleia, qua a UA tem estrutura burocrática idêntica à ONU.

De Lisboa, com amor. Força Angola, que já não és nossa!

Politólogo/arabista

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Escreve de acordo com a antiga ortografia

Diário de Notícias
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