Começa oficialmente a campanha eleitoral para as eleições autárquicas. Mas há meses que vem decorrendo. Por todo o país milhares de portugueses estão envolvidos na defesa daquilo que acreditam ser o melhor para as suas terras. As autárquicas são chamadas, de forma justa, a grande festa da democracia..Em muitos concelhos a população lida de forma diferente com o poder local. Conhece os autarcas e os candidatos. Alguns eleitores podem votar pelas pessoas, mas também há quem vote pelo partido ou quem vote contra algo. Nesta dinâmica é com naturalidade que as candidaturas (mais ou menos) independentes sejam uma opção considerada..Por muito que sejamos um país pequeno em dimensão territorial, não deixamos de ter idiossincrasias de diversos âmbitos. É natural que os programas e as propostas sejam distintos de Vila Real de Santo António para Melgaço, de Peniche para Marvão ou das freguesias de Algueirão-Mem Martins, em Sintra, para as de Paradela e Granjinha, em Tabuaço ou Mosteiro, na ilha das Flores..Mas estou certo de que haverá premissas, logo caminhos e soluções, transversais ao território e à população..Para começar, a valorização do poder local, num reconhecimento da sua proximidade com os eleitores e para uma devolução de poderes aos indivíduos, com efectiva luta pela descentralização e consequente exigência de delegação (restituição) de competências e recursos financeiros. Bem como a devida formação de autarcas e funcionários..Outro fio condutor é o aumento da transparência, a redução de burocracias e a agilização de processos, começando neste ponto por retirar todo o peso do Estado, mesmo que local, de cima das pessoas, facilitando-lhes a vida..Além disso, para dar mais capacidade às famílias e às empresas torna-se cada vez mais inevitável a redução fiscal, havendo possibilidade, consoante as circunstâncias de cada município, de o fazer no IRS, no IMI ou na derrama, sem esquecer as inúmeras taxas e taxinhas praticadas por esse país fora. Redução ou eliminação..São três linhas orientadoras que deviam ser adoptadas por qualquer autarca ou candidato. Mas, observando o que vai acontecendo no país, só alguns o fazem..São soluções que permitem às autarquias criar condições para a fixação de empresas, aprofundando o desenvolvimento social e económico e permitindo melhor qualidade de vida..Em certas regiões ganham também destaque as propostas que visam alargar o acesso à Saúde e à Educação ou relativas a outras prioridades e necessidades locais..Só na conjugação destes compromissos se garante que ninguém fica para trás e cada indivíduo tem possibilidade de tomar as suas decisões, sem paternalismos centrais ou locais..Dia 27 saberemos quantos autarcas teremos com esta visão. E com outras. Como vereadores, membros de assembleias municipais e membros em executivos e assembleias de freguesias. Serão quatro anos para influenciar as gestões autárquicas e contribuir para a melhoria das nossas terras..Não posso terminar sem recomendar um artigo recente de Rui Albuquerque, no Observador: "Liberalismo e poder local", onde partindo de Alexandre Herculano aponta ao que será o papel de um autarca focado no indivíduo..Escreve de acordo com a antiga ortografia