O desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) e a sua implementação em vários setores de atividade económica vai acelerar em 2026. Até porque os gigantes tecnológicos, liderados por alguns dos homens mais ricos do planeta como Elon Musk, Jeff Bezos ou Mark Zuckerberg, estão a aumentar os investimentos financeiros nesta área – ainda esta terça-feira, 30 de dezembro, foi conhecida a aquisição pela Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) da plataforma chinesa Manus, especializada em criar agentes de IA “capazes de analisar informação, navegar na internet, usar ferramentas digitais e concluir tarefas de forma autónoma, sem intervenção humana contínua”, como explicou a Lusa.Consequentemente, aumentará também a necessidade de regular o uso da IA. No entanto, a implementação da IA, tema que está presente em praticamente todas as análises que se fazem por esta altura do ano sobre o que esperar de 2026, segue num ritmo muito mais rápido do que as medidas que possam atenuar impactos negativos que esta tecnologia transformadora venha a gerar na sociedade. Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), publicado no final de novembro, revelou que hoje os sistemas atuais de IA já estão capacitados para executar tarefas equivalentes a 11,7% dos empregos nos Estados Unidos. Este mês, Elon Musk, no podcast People by WTF, previu que “em menos de 20 anos trabalhar será opcional, como um hobby”. E Bill Gates, fundador da Microsoft e investidor na área de IA, também não duvida que dentro de uma década os humanos não serão necessários “para muitas coisas”. Perante estas afirmações, o senador norte-americano Bernie Sanders, nome histórico da ala mais à esquerda do Partido Democrata, fez na CNN uma pergunta bastante simples, mas cuja resposta é tão complexa que provavelmente ainda nem existe: “Se não haverá trabalho e os humanos não serão necessários para muitas coisas, então como é que as pessoas vão ter um rendimento para alimentar as suas famílias, obter cuidados de saúde e pagar as rendas?”Em Portugal, entramos no novo ano com a certeza de que a reforma da lei laboral preconizada pelo Governo vai continuar a marcar a agenda política, sendo uma das matérias mais polémicas que já será avaliada por quem suceder a Marcelo Rebelo de Sousa na Presidência da República. A discussão faz-se, sobretudo, à volta de medidas que podem colocar em causa direitos adquiridos dos trabalhadores, desprotegendo-os, quando muitos deles ainda nem sequer têm noção do embate que se aproxima se, realmente, se tornarem dispensáveis com o desenvolvimento de mais ferramentas de IA. Como formar e treinar estes profissionais para que possam ser úteis no futuro? Como deve o Estado garantir que a transição não será disruptiva no mercado de trabalho, aumentando o desemprego de forma abrupta e a precariedade entre os jovens que agora começam a sua vida profissional? A urgência nesta discussão aumenta a cada dia que passa, mas o debate tarda.Editor Executivo do Diário de Notícias