"Basta de Destruição, Ecologia em Ação!” É com este lema que o Partido Ecologista Os Verdes (PEV) parte para a sua XVI Convenção, que começa este sábado, acaba este domingo e só acontece a cada três anos. Setúbal será o palco desta reunião magna dos ecologistas e, em simultâneo, é o único município presidido por um autarca do partido: André Martins. Este ano, em concreto, dá-se também a coincidência de a convenção acontecer a par da celebração dos 50 anos do 25 de Abril, tendo em conta que Os Verdes é um partido “com Abril no horizonte”, aponta ao DN a antiga deputada do PEV Heloísa Apolónia, deixando transparecer a coligação que os ecologistas mantêm com o PCP..“Vai ser um momento marcante da ecologia política em Portugal”, garantiu Heloísa Apolónia, enquanto explicava que a “génese ecologista do partido” é também “pacifista” e “social”, o que, na perspetiva da antiga deputada, distingue o PEV de outras forças políticas e, em simultâneo, o aproxima dos comunistas..O PEV foi fundado em 1982, na altura sob a designação de Movimento Ecológico Português “Os Verdes”, e chegou ao Parlamento em 1987, através da parceria eleitoral que tem com o PCP - a Coligação Democrática Unitária (CDU) -, que se mantém até hoje. Na altura, elegeu uma única deputada - Maria Santos -, que mais tarde viria a representar o partido no Parlamento Europeu..Porém, na sequência das eleições legislativas de 2022, o PEV deixou de ter assento no hemiciclo, mantendo a sua participação autárquica e uma política de proximidade com a população, mas com menos visibilidade. Agora, enquanto decorre a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - a COP29, de 11 a 22 de novembro, no Azerbaijão - Heloísa Apolónia lembra que “a ecologia é uma questão fundamental” que “está generalizada”..O hemiciclo deixado pelo PEV tem uma estrutura diferente daquela que o partido integrava, com um Governo composto pela coligação entre PSD e CDS e com uma maioria de direita. Por isso, continua a antiga deputada, “é justamente este novo ciclo político que vai estar em análise nesta convenção”..Questionada sobre se os partidos com assento parlamentar que têm no seu programa uma agenda dedicada à ecologia - como acontece com o Livre e o PAN, que, tal como o PEV, até integram o Partido Verde Europeu, fortemente implementado na Europa e que, na Alemanha, até integra o governo - Heloísa Apolónia, na sua perspetiva, define as fronteiras que separam o PEV destes dois partidos: “A ecologia não pode andar acompanhada pelo capitalismo.”.A antiga deputada disse ver com “estranheza o facto de, sempre que falam com Os Verdes, acabarem por valorizar outros partidos à boleia. Isto é um mero desabafo”, assume..Mas o desabafo surgiu também com uma crítica ao Livre, no contexto das recentes eleições nos Estados Unidos, por o partido ter feito “um apelo, para que a candidata do Partido Verde americano, Jill Stein, desistisse da corrida eleitoral a favor de Kamala [Harris]”. “Pediu a desistência da candidata verde. Das únicas vozes americanas que condenam o genocídio na Palestina”, frisou..Confiança nas autárquicas.O PEV foi marcado, desde a sua génese, por pessoas que “viveram e sentiram o antes e o depois do 25 de Abril”, explicou ao DN o presidente da Câmara de Setúbal, André Martins, que está à frente da cidade há pouco mais de três anos..Adicionalmente, continua o autarca, corroborando a perspetiva de Heloísa Apolónia, para Os Verdes “as questões sociais são importantes”. É por este motivo que, sublinha André Martins, “a associação em termos eleitorais com o Partido Comunista faz todo o sentido”..Questionado sobre se o preocupa o peso no Parlamento que a CDU tem perdido nas últimas eleições legislativas e nas autárquicas, André Martins, sem referir partidos, considera que, quando as “outras forças políticas” que têm ganhado destaque “forem melhor percebidas pela população portuguesa”, a realidade acabará por “ser reduzida à normalidade do que acontece em outros países, e há de haver um rearrumar das forças políticas em termos nacionais”..“Eu estou convencido de que aqueles que defendem os interesses do trabalho, de quem trabalha, vão continuar a vingar, porque são essas pessoas que são as verdadeiras protagonistas da transformação do ponto de vista social”, afirma, acrescentando que acredita que o “trabalho sério que tem sido desenvolvido continuará a ser reconhecido”.