Vitória de Fillon antecipa derrota de Marine Le Pen

Antigo primeiro-ministro de Sarkozy surge nas sondagens como melhor colocado para derrotar líder da extrema-direita em 2017.
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Com uma participação superior à verificada no passado domingo, a segunda volta das primárias da direita e do centro em França deu a vitória a François Fillon, confirmando os resultados de dia 20, em que este recolheu 44% dos votos, ou seja, mais 650 mil do que Alain Juppé, que teve então 28,6%. Ontem, os resultados repetiram o padrão da primeira volta, com Fillon a obter 66,9% enquanto Juppé se ficava pelos 33%.

Fillon, primeiro-ministro de Nicolas Sarkozy entre 2007 e 2012, teve o apoio deste, terceiro classificado na primeira volta. Fillon concorreu com base num programa conservador, que o próprio classificou de "rutura" no plano da economia e de defesa de uma visão conservadora da sociedade.

Para a maioria do eleitorado da direita e do centro, Fillon representa esta família política de uma forma respeitável, digna e nada espalhafatosa, ao contrário de um Sarkozy, referia ontem o Libération num comentário aos resultados.

Segundo uma sondagem à boca das urnas, 15% de eleitores de esquerda e 9% da Frente Nacional, de Marine Le Pen, participaram nas primárias da direita, sugerindo que para os dois campos políticos não seria indiferente se fosse Fillon ou Juppé o vencedor.

Com uma carreira política de 40 anos, Fillon tem surgido, invariavelmente, como o candidato de direita melhor colocado para derrotar Marine Le Pen, que estará na segunda volta, ultrapassando qualquer candidato da esquerda. Seja este Emmanuel Macron, Manuel Valls, que indicou estar para "breve" a sua decisão sobre uma possível candidatura em 2017, ou do presidente François Hollande, que surge nos inquéritos de opinião com valores de aprovação mínimos. Quanto a este último, a decisão de concorrer a segundo mandato deverá ser anunciado na primeira quinzena de dezembro.

As reações à esquerda não se fizeram esperar, tendo um dos candidatos às primárias socialistas, de 22 e 29 de janeiro, Benoît Hamon, considerou "violento e perigoso" o programa de Fillon, enquanto um apoiante de Macron, Richard Ferrand, classificou aquele como "candidato retrógrado" e apelou à mobilização em torno do antigo ministro da Economia de Hollande.

No discurso de vitória, Fillon deixou no ar a hipótese de chamar Sarkozy para um cargo numa sua presidência e disse "estender a mão" a Juppé. "Preciso de todos (...) para ajudar a servir o meu país". Recordando que, "desde há três anos", tem percorrido a França "a ouvir" os seus concidadãos, salientou ser indispensável "a verdade" e "atos" para mudar a sociedade francesa. Para Fillon, a sua foi "uma vitória de fundo, alicerçada em convicções".

Em caso de derrota, Juppé comprometera-se a apoiar Fillon, tendo este formulado igual compromisso. No discurso em que reconheceu a derrota, Juppé - que preside à Câmara de Bordéus e primeiro-ministro em 1995-97, sob Jacques Chirac - garantiu "todo o apoio" a Fillon.

Com um custo total estimado entre os seis e os nove milhões de euros, e tendo votado nas duas voltas cerca 8, 7 milhões de eleitores, que pagaram dois euros, somando mais de 17 milhões de euros, isto significa que o candidato vencedor arrecada para a campanha presidencial, pelo menos, oito milhões de euros. Um balão de oxigénio para Os Republicanos, que têm dívidas à banca na ordem dos 73 milhões de euros, principalmente, devido aos custos da campanha de Sarkozy nas presidenciais de 2012, em que acabou derrotado pelo socialista François Hollande.

O voto decorreu em 10 229 assembleias, em que estiveram presentes cerca de 81 mil colaboradores a título benévolo, tendo sido impressos 70 milhões de boletins. O voto decorreu na França continental, em alguns territórios extraeuropeus e nas comunidades de franceses no estrangeiro.

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