"Um soldado e um cabo bastam para fechar Supremo" diz filho de Bolsonaro
"Se quiser fechar o Supremo Tribunal Federal não manda nem um jipe, basta mandar um soldado e um cabo, sem desmerecer o soldado e o cabo", disse Eduardo Bolsonaro, filho do candidato à presidência Jair Bolsonaro e recém-eleito deputado federal. A frase, proferida no âmbito de um curso para jovens candidatos a entrar na polícia federal, na cidade de Cascavel, no Paraná, teve repercussão extraordinária ao longo das últimas horas.
Celso de Mello, o decano dos juízes do Supremo, enviou nota para a imprensa dizendo que "votações expressivas do eleitorado não legitimam investidas contra a ordem politico-jurídica fundada no texto da constituição". "Essa declaração, além de inconsequente e golpista mostra bem o tipo irresponsável de parlamentar, cuja atuação no Congresso Nacional, mantida essa visão autoritária, só comprometerá o respeito pela ordem democrática".
Rosa Weber, outra das 11 juízas do Supremo, afirmou que "juiz algum que honre a toga se deixa abalar por qualquer declaração que, eventualmente, possa ser compreendida como inadequada". O juiz Marco Aurélio Mello, por sua vez, sublinhou viverem-se "tempos sombrios".
A qualquer momento é esperada uma reação de Dias Toffoli, na qualidade de presidente da corte em exercício.
O presidente do Brasil de 1995 a 2003 Fernando Henrique Cardoso disse que "as declarações cheiram a fascismo". "Cruzaram a linha, merecem o repúdio dos democratas, pregam a ação direta, ameaçam o Supremo".
Como seria de esperar, Fernando Haddad, rival de Bolsonaro na corrida ao Palácio do Planalto, também criticou as declarações do deputado federal mais votado do Brasil. "Nem sei se se pode falar de pensamento o que eles falam, mas um filho do Bolsonaro gravou um pensamento tão impressionante que prova que o Bolsonaro é o chefe da milícia e eles são capangas, milicianos, o medo de quem tem juízo só cresce, só quem está anestesiado não tem medo"
O próprio Bolsonaro censurou a frase do filho. "Alguém deve ter tirado do contexto, se alguém falou isso deve consultar um psiquiatra". Eduardo acrescentou que "as declarações têm quase quatro meses, é apenas mais uma forma de atingir Jair Bolsonaro, assim como essa balela do whatsapp e das fake news".
Em simultâneo, Bolsonaro disse a apoiantes, que fizeram manifestações em 24 capitais do país, que uma vez eleito está na hora de "varrer os bandidos vermelhos do mapa". "Vamos varrer do mapa os bandidos vermelhos do Brasil, essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós, ou vão para fora ou vão para a cadeia", afirmou, em direto de sua casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, para a manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, por meio de uma ecrã gigante.
A segunda volta das eleições realiza-se no domingo, dia 28. As sondagens mais recentes apontam para uma vantagem de 18 pontos, 59% contra 41%, de Bolsonaro, do PSL, sobre Haddad, do PT.
Em São Paulo