Trump classifica líder da Reserva Federal como inimigo dos EUA
Líder da Fed não anunciou descida de juros como o presidente quer. Trump ordenou ainda às empresas americanas que saiam da China depois de Pequim ter imposto novas tarifas sobre produtos oriundos dos EUA. O presidente americano é esperado, este sábado, em Biarritz, na França, para a cimeira do G7
"A minha única questão é, quem é o maior inimigo do nosso país, Jay Powell ou o presidente Xi [Jinping]?". A pergunta foi deixada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, esta sexta-feira à tarde no Twitter.
O líder americano ficou furioso com o facto de o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, não ter anunciado uma descida das taxas de juro no discurso que fez no simpósio económico de Jackson Hole no estado do Wyoming. Este importante encontro anual reúne os governadores dos bancos centrais, economistas, académicos e decisores mundiais.
Na sua intervenção, Powell disse apenas que irá "agir conforme for apropriado" para manter o ritmo de expansão da economia, considerando que a economia americana está em "posição favorável" com "um desempenho muito bom". Isto apesar de vários economistas acreditarem numa recessão económica nos EUA em 2021. O líder da Fed tentou, assim, um equilíbrio, entre o que são as exigências de Trump - exigindo uma descida de juros - e o que é a sua análise e a do banco.
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Mas não foi suficiente. "Como é hábito, a Fed fez NADA! É incrível que "falem" sem saber ou sem perguntar o que eu estou a fazer, que será anunciado em breve. Temos um dólar muito forte e uma Fed muito fraca. Vou trabalhar "de forma brilhante" com ambos e os EUA sair-se-ão lindamente. A minha única questão é, quem é o maior inimigo do nosso país, Jay Powell ou o presidente Xi [Jinping]?", escreveu Trump, em dois tweets. Efetivamente, a seguir ao discurso de Powell, o dólar caiu.
Depois do presidente da Fed, Trump apontou ao presidente chinês Xi Jinping e ao regime chinês. "O nosso país perdeu, estupidamente, biliões de dólares com a China durante muitos anos. Eles roubaram a nossa Propriedade Intelectual a uma média de centenas de milhares de milhões de dólares por ano e assim querem continuar. Não vou deixar que isso aconteça! Não precisamos da China e, para ser franco, estaríamos muito melhor sem ela".
O presidente, em fúria, prossegue o ataque a Pequim: "As vastas somas de dinheiro roubadas pela China aos EUA, ano após ano, década após década, tem e vai PARAR. As nossas grandes empresas americanas devem começar imediatamente a procurar alternativas à China, incluindo regressar a CASA e produzir os seus produtos nos EUA. Vou responder à China com novas tarifas esta tarde. Isto é uma GRANDE oportunidade para os EUA. Além disso, vou ordenar a todas as transportadoras, Fed Ex, Amazon, UPS e Correios, que procurem e recusem todas as encomendas da Fentanyl da China (o de qualquer outra parte!). A Fentanyl mata 100 mil americanos todos os anos. O presidente Xi disse que ia parar com isso. Não parou. A nossa economia, por causa dos nossos ganhos nos últimos dois anos e meio, está MUITO melhor do que a da China. Vamos continuar dessa forma!".
A reação de Trump surgiu poucas horas depois de a China ter anunciado novas tarifas de 5% e 10% sobre um total de 5078 produtos oriundos dos EUA, que incluem produtos agrícolas e automóveis. Estas representam uma quantia de 75 mil milhões de dólares. Nos planos de Pequim está também a reativação da tarifa de 25% sobre os carros americanos a partir de 15 de dezembro. A seguir a isto o petróleo caiu 3%. A guerra comercial entre EUA e China continua ao rubro e é neste contexto que os líderes do G7, incluindo Trump, se reúnem, a partir deste sábado, em Biarritz, na França.
Além das guerras comerciais e do espetro da recessão, os líderes dos sete países mais industrializados do mundo têm ainda para discutir a grave situação na Amazónia no Brasil, um cenário de Brexit sem acordo a 31 de outubro, o acordo sobre o nuclear do Irão (do qual os EUA saíram), as relações tensas com a Rússia, as desigualdades mundiais, os impostos sobre os gigantes tecnológicos americanos como a Google, Facebook, Apple, etc...