Trump ataca os media e não descarta ação militar contra a Coreia do Norte

Primeiro presidente a faltar ao jantar de correspondentes em 36 anos, Donald Trump voltou ao discurso inicial dos media fake news
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Donald Trump assinalou no sábado à noite, em Harrisburg, no estado da Pensilvânia, os seus cem dias como presidente dos EUA. Aí, à distância de muitos quilómetros, aproveitou para atacar os jornalistas reunidos no tradicional jantar anual dos correspondentes junto da Casa Branca, no hotel Hilton, no estado de Washington, voltando ao discurso inicial do fake news (propagadores de notícias falsas).

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"Não poderia estar mais entusiasmado com o facto de estar a mais de cem milhas (quase 200 quilómetros de distância) do pântano de Washington. É muito melhor passar a minha noite, com uma multidão e com pessoas melhores como são vocês, certo?!", disse o presidente republicano à multidão ali reunida para o ouvir. Trump referia-se ao jantar dos jornalistas, o qual decidiu boicotar. Foi a primeira vez, em 36 anos, que um presidente faltou ao evento. O último foi Ronald Reagan, em 1981, porque estava a recuperar de uma tentativa de assassínio.

Enquanto Trump arremessava contra os jornalistas na Pensilvânia, estes, em Washington, defendiam a profissão. "Sr. presidente, os media não são fake news", declarou Bob Woodward, um dos dois jornalistas que ficaram famosos por investigar e destapar o chamado caso Watergate. O outro foi Carl Bernstein, que por sua vez afirmou perante os presentes que "inevitavelmente, o inimigo é o secretismo do governo".

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Como é habitual, o humor não deixou de marcar presença. "Podia dizer que é uma honra estar aqui. Mas isso seria um facto alternativo. Não é [uma honra estar aqui]. Mais ninguém quis fazer isto. Então tinha de ser um imigrante", afirmou Hasan Minhaj, humorista de origem indiana do The Daily Show. "Donald Trump tuita às 03.00 da manhã. E sóbrio. Quem é que tuita às 03.00 sóbrio? Trump, porque são 10.00 na Rússia. E isso é horário de expediente", prosseguiu o comediante. Esta não é a primeira vez que Trump é ridicularizado no jantar de correspondentes. Foi-o em 2011, por Barack Obama, mas nessa vez estava presente.

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Além do tema media, Trump voltou a garantir que construirá um novo muro entre os EUA e o México e atacou os imigrantes, enaltecendo, através de um poema, o trabalho da guarda fronteiriça. O poema, The Snake (A Cobra), é a letra de uma música de Al Wilson e fala de uma mulher que acolhe uma cobra doente em casa, que depois de recuperada a morde. Trump ressalvou que, aqui, a mulher é a fronteira. A cobra os ilegais. Não é a primeira vez que o presidente declama este poema (noutra ocasião a cobra eram os terroristas). A família do autor, Oscar Brown Jr, já pediu que Trump deixe de usar o poema nos seus comícios.

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Paralelamente, numa entrevista à CBS News, ontem transmitida, o presidente republicano voltou à carga sobre Pyongyang. "Não ficaria contente se ele [o presidente norte-coreano Kim Jong-un] realizasse um teste nuclear." Questionado sobre se isso significaria uma ação militar dos EUA contra o regime da Coreia do Norte: "Não sei, vamos ver."

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