Todos os polícias de Acapulco investigados por ligação a cartéis da droga

Cidade está a ser patrulhada pela polícia estadual e pelo exército
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Acapulco pode estar no nosso imaginário como o paraíso dos ricos e famosos - sinónimo de praia, sol e mariachis, mas nos últimos anos a cidade mexicana tem assistido ao aumento da violência e do tráfico de droga. Com 193 assassínios por cem mil habitantes, tem mesmo a taxa de homicídios mais alta do México.

Perante este cenário, as autoridades federais decidiram abrir uma investigação a todos os polícias de Acapulco, por suspeita de ligações aos cartéis da droga. O inquérito pretende determinar se as forças policiais da cidade foram infiltradas pelos gangues. Dois comandantes estão acusados de homicídio e são procurados pelas autoridades federais. Os restantes agentes foram desarmados.

As ruas de Acapulco estão neste momento a ser patrulhadas pela polícia do estado de Guerrero e pelo exército. O estado de Guerrero é um dos mais violentos do México, com os cartéis a controlarem onde são cultivadas as papoilas, mais tarde usadas para o fabrico da heroína.

A polícia federal explicou à BBC ter decidido investigar todos os agentes da polícia da cidade e retirar-lhes as armas devido à sua "completa falta de ação" perante o tráfico de droga e os crimes a este associados. Um cenário que os leva a suspeitar que os cartéis tenham infiltrado as forças da ordem.

Mal pagos e com falta de treino, os polícias municipais são muitas vezes alvos fáceis para os cartéis. Têm surgido vários relatos de agentes a quem foi oferecido dinheiro para obedecerem aos cartéis e ameaçam matá-los se recusarem.

O caso de Ocampo, a cidade onde todos os polícias foram presos

O caso de Acapulco não é único. Em Ocampo, no estado de Michoacán, todos os agentes da polícia foram detidos em junho por suspeita de envolvimento na morte de um candidato a presidente da Câmara.

Os 27 agentes da polícia destacados para a cidade, bem como o responsável local pela segurança pública, foram detidos pela polícia federal por suspeita de envolvimento na morte de Fernando Ángeles Juárez.

Terceiro político morto no estado de Michoacán em menos de uma semana, Fernando Ángeles Juárez "não suportava ver a pobreza, desigualdade e corrupção por isso decidiu candidatar-se", explicou na altura ao El Universal Miguel Malagón, um amigo do empresário.

Depois do assassínio, o Ministério Público mexicano acusou o responsável pela segurança pública de Ocampo, Oscar González García, de envolvimento no crime. Mas quando agentes federais chegaram à cidade para o deter, foram travados pela polícia da cidade. No dia seguinte voltaram com reforços e detiveram todos os polícias e o seu chefe.

Algemados, os agentes foram levados para interrogatório na capital do estado, Morelia. Todos foram acusados de ligações a grupos criminosos.

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