Sondagem indica que metade da população da Catalunha não quer independência
Um inquérito realizado pelo governo regional da Catalunha revela que os partidários da independência desta região espanhola desceram para 41,1% e os que são contrários à autonomia subiram para 49,4%.
O estudo, feito na região pelo Centro de Estudos de Opinião (CEO) do governo catalão (Generalitat) a dois meses de um hipotético refendo, indica que, em relação à última sondagem, feita em março, os votantes no "sim" à independência baixaram de 44,3% para 41,1%, enquanto os do "não" aumentaram de 48,5% para 49,4%.
O diretor do CEO, Jordi Argelaguet, que apresentou o estudo, citado pela agência espanhola Efe, considerou que o "ligeiro" incremento dos que são contrários à independência não é "significativo em termos estatísticos", mas o mesmo já não acontece com os partidários da secessão, que passam para níveis de há quatro anos.
Este tipo de inquéritos é feito desde 2014 e os que defendem que a Catalunha seja um estado independente de Espanha nunca tinham estado num nível tão baixo.
O pior registo dos que votam "não" foi alcançado em junho de 2015 (42,9%), enquanto os do campo do "sim" conseguem agora o seu segundo melhor resultado, depois dos 50% atingidos também em junho de 2015.
O inquérito pergunta ainda sobre a participação dos eleitores num referendo organizado pela Generalitat, sem o acordo do Governo espanhol.
O resultado indica que haveria uma taxa de participação de 67,5% e que o "sim" ganharia por 62,4% dos votos contra 37,6% dos "não", visto que os primeiros estão muito mais mobilizados.
Jordi Argelaguet sublinhou que o "não" à independência tem probabilidades menores de ganhar um hipotético referendo, devido à sua menor mobilização, em contraste com o bloco do "sim" que, apesar ter menos votos na sondagem, está muito mais motivado para se deslocar às assembleias de voto.
"Os do 'não', ficando em casa, dariam uma vitória esmagadora aos do 'sim' que, se forem votar, contribuem para legitimar os resultados", considerou o responsável do CEO.
O presidente do governo regional da Catalunha anunciou a 09 de junho último a realização de um referendo sobre a independência desta região de Espanha a 01 de outubro próximo.
Na altura, Carles Puigdemont também assegurou que o executivo regional "se compromete a aplicar" o resultado do referendo.
O Governo de Madrid assegura que é "ilegal e inegociável" a realização de um referendo sobre a independência da Catalunha e garante que isso não irá acontecer.
Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declarar que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas, mas tem vindo a subir de tom nos últimos anos.