Sánchez põe mulheres nas principais pastas do governo

Os nomes do governo de Pedro Sánchez já começam a ser conhecidos, devendo os ministros tomar posse na quinta-feira.
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Carmen Calvo na vice-presidência do governo espanhol e na Igualdade e María Jesús Montero nas Finanças. O novo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, entregou dois dos principais cargos do seu governo a duas mulheres, num executivo que prometeu ser paritário.

O novo governo será apresentado quarta-feira à tarde ao rei Felipe VI, devendo tomar posse na quinta-feira.

O catalão Josep Borrell será o ministro dos Negócios Estrangeiros. A catalã Meritxell Batet ficará com a Administração Territorial e Teresa Ribera, que já foi secretária de Estado para as Alterações Climáticas, terá nas mãos o superministério da Energia, Meio Ambiente e Alterações Climáticas.

José Luis Ábalos, atual secretário de Organização do PSOE, é o apontado para o ministério responsável pelas Obras Públicas, Transportes e Comunicações. A galega Nadia Calviño fica com a Economia. O astronauta Pedro Duque será ministro da Ciência, Inovação e Universidades. A procuradora da luta contra o terrorismo, Dolores Delgado, assume a pasta da Justiça e a perita em pensões, Magdalena Valerio, fica com o Trabalho.

Carmen Montón, até agora responsável pela Saúde na Comunidade Valenciana, assume a pasta a nível nacional. A Educação fica nas mãos da basca Isabel Celaá.

Vice-presidência e Igualdade

A única vice-presidência do governo de Sánchez será ocupada por Carmen Calvo. A ex-ministra da Cultura de José Luis Zapatero, que foi a responsável no PSOE por negociar a aplicação do artigo 155.º na Catalunha (que na prática suspendeu a autonomia da região), além de ser número dois de Sánchez terá também a seu cargo a pasta da Igualdade.

Calvo, de 61 anos, nasceu em Córdova, na Andaluzia, e é doutorada em Direito Constitucional. Feminista, a atual secretária da Igualdade do PSOE está por detrás da Lei da Igualdade Salarial e da Lei da Igualdade de Tratamento entre Homens e Mulheres no mercado de trabalho, as duas iniciativas mais emblemáticas dos socialistas na última legislatura.

Finanças

A pasta das Finanças será ocupada por outra andaluza, a sevilhana María Jesús Montero, que era atualmente conselheira das Finanças do governo socialista da Andaluzia.

Licenciada em Medicina, com um mestrado em Gestão Hospitalar, Montero foi subdiretora dos hospitais Virgen del Rocío e de Valme, antes de assumir a pasta da Saúde na Andaluzia. Há 11 anos no governo andaluz, ocupava desde 2013 a pasta das Finanças, sendo próxima de Susana Díaz - no que o El Mundo vê como um "gesto de reconciliação" com a presidente do governo andaluz, com quem Sánchez disputou a liderança do PSOE.

Será Montero a responsável pela gestão das contas públicas e do Orçamento de Estado, que Sánchez herda do governo do PP de Mariano Rajoy (falta aprovação no Senado).

Negócios Estrangeiros

O veterano Josep Borrell, catalão de 71 anos, ex-ministro da Obras Públicas, Transportes e Meio Ambiente e antigo presidente do Parlamento Europeu, assume a pasta dos Negócios Estrangeiros. Uma nomeação que não agradou aos independentistas catalães, já que Borrell tem sido um dos dirigentes socialistas mais críticos com o processo independentista da Catalunha.

Borrell tem uma larga experiência internacional, tendo sido presidente do Parlamento Europeu (2004-2007) e do Instituto Universitário Europeu de Florença (2010-2012). A sua nomeação já foi aplaudida por Javier Solana, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol e ex-secretário-geral da NATO. "Se se confirma a notícia de que Borrell fica com os Negócios Estrangeiros será uma notícia muito boa. Conhecedor a fundo do que deve ser a nossa prioridade: a política europeia".

Administração Territorial

A catalã Meritxell Batet, professora de Direito Constitucional, será a responsável pela Administração Territorial e a política autonómica, devendo gerir a crise territorial aberta pelo separatismo catalão, segundo indicaram fontes socialistas ao El País.

Ex-secretária de Estudos e Programas do PSOE, faz parte da equipa de confiança de Sánchez desde as eleições de 2015, tendo sido segunda na lista por Madrid. Fez então parte da comissão negociadora que procurou um governo alternativo ao de Rajoy e que acabou por não ser bem-sucedido. Nas eleições de junho de 2016, foi cabeça de lista por Barcelona.

Energia, Meio Ambiente e Alterações Climáticas

Teresa Ribera foi secretária de Estado do Meio Ambiente e das Alterações Climáticas de Zapatero e agora assume uma superpasta ministerial, que inclui ainda o setor da Energia. A madrilena já foi também diretora do centro responsável pelas políticas sobre Alterações Climáticas, entre 2004 e 2011.

Obras Públicas, Transportes e Comunicações

O secretário de Organização do PSOE, o valenciano José Luis Ábalos, ficará com a pasta do "Fomento", que em Espanha designa o ministério responsável pelas áreas de Obras Públicas, Transportes e Comunicações. Ábalos coordenou a apresentação da moção de censura contra Mariano Rajoy, que pôs Sánchez à frente do governo espanhol.

Economia

A escolha de Sánchez para a Economia é a atual diretora-geral de Orçamento da União Europeia, Nadia Calviño. A galega é filha do histórico dirigente socialista José María Calviño, diretor geral da rádio e televisão espanhola entre 1982 e 1986. Deixa o cargo na UE num momento chave para os 27 (fora o Reino Unido), quando é negociado o orçamento para 2020-2026.

Saúde

Tanto a relação próxima com Pedro Sánchez como o seu trabalho à frente desta área na Comunidade Valenciana, tudo indicava que Carmen Montón seria a escolha de Pedro Sánchez para o Ministério da Saúde. Licenciada em Medicina, mesmo se nunca exerceu por cedo se ter interessado e envolvido na política, esta valenciana nascida em Burjassot, estreou-se como vereadora da Cultura na sua cidade natal em 1999. Mas rapidamente se mudou para Madrid, após ser eleita deputada.

Porta-voz da Comissão da Igualdade no Congresso, começou a trabalhar com Sánchez na Secretaria da Igualdade do PSOE. E foi ao lado deste que ficou quando o partido forçou a sua saída. Como responsável pela Saúde na Comunidade Valenciana aplicou políticas claramente de esquerda, revertendo as parcerias público-privadas criadas nas décadas anteriores. Sem medo de uma boa polémica e capaz de enfrentar quem não concorde com as suas ideias, o principal legado de Montón é a devolução à gestão do governo regional do Hospital de La Ribera, após 20 anos nas mãos de uma empresa privada.

Ciência, Inovação e Universidades

O primeiro espanhol a ir ao espaço, Pedro Duque, será o ministro da Ciência, Inovação e Universidades.

Justiça

Dolores Delgado será, segundo o El País, a nova ministra da Justiça. É há mais de uma década procuradora coordenadora das investigações em terrorismo jihadista na Audiência Nacional, a mais alta instância judicial em Espanha.

Trabalho

Magdalena Valerio, responsável pela pasta da Segurança Social na Junta de Castilla-La Mancha, será ministra do Trabalho. Já teve vários cargos no governo desta comunidade autónoma, tendo sido conselheira do Emprego, do Turismo e da Justiça. Licenciada em Direito pela Universidade Complutense de Madrid, está no Congresso desde 2011.

Educação

Ex-conselheira de Educação do governo basco de Patxi López, Isabel Celaá será ministra da Educação. A informação é avançada pela agência EFE. É atualmente presidente da Comissão de Garantias do PSOE e próxima de Pedro Sánchez.

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