PSOE perde segundo lugar para Unidos Podemos
De acordo com o barómetro eleitoral ontem publicado no El País, o Partido Popular de Mariano Rajoy vencerá as eleições do próximo dia 26 com 28,5% dos votos (-0,2 em comparação com as eleições de 20 de dezembro). Em segundo lugar aparece a coligação entre Podemos e Esquerda Unida, com 25,6%, o que lhes confere vantagem de 5,4 pontos percentuais sobre o PSOE de Pedro Sánchez, que não vai além dos 20,2% (-1,8).
As sondagens voltam assim a colocar o PSOE em terceiro lugar, atrás do Unidos Podemos (UP). Cada vez mais parece que a ultrapassagem da extrema-esquerda aos socialistas espanhóis começa a deixar de ser uma hipótese teórica para transformar-se numa evidência política.
Em quarto lugar fica o Ciudadanos. A formação presidida por Albert Rivera sobe 2,7 pontos face a dezembro e chama para si 16,6% das intenções de voto.
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Comparando esta sondagem com o estudo anterior (realizado a 22 de maio), verifica-se uma quebra no resultado do PP (desceu de 29,9% para 28,5%) e uma subida da coligação de esquerda (passou de 23,2% para 25,6%). Visto de outra forma, a vantagem do PP para o UP encurtou bastante, passando de 6,7 pontos percentuais para apenas 2,9.
Outra conclusão a retirar é que Podemos e Esquerda Unida valem mais juntos do que a soma das suas partes. Nas eleições de dezembro, adicionando os 20,7% de Iglesias com os 3,7% de Gárzon, obtiveram 24,4%, menos 1,2 pontos do que conseguem agora.
Olhando para uma outra sondagem, esta do El Mundo, o cenário é mais ou menos o mesmo. A diferença mais significativa é que, neste caso, a vitória do PP (31%) é mais clara, com 7,3 pontos de vantagem sobre o Unidos Podemos (23,7%). Em terceiro lugar aparece o PSOE (20,3%), seguindo-se o Ciudadanos (14%). É ainda de sublinhar que uma hipotética grande coligação entre PP e PSOE conseguiria maioria absoluta. Juntos somariam 51,3% dos votos e 207 deputados (176 fazem a maioria).
PSOE em mínimo histórico
A confirmarem-se estas sondagens, o grande derrotado das eleições seria o PSOE, que voltaria a atingir um mínimo histórico, desta vez com a agravante de perder o lugar de segunda força política mais votada.
Consciente de que o momento é extremamente complicado, Sánchez parece determinado a reunir as tropas para tentar inverter o que parece ser uma morte política anunciada. "As sondagens não têm de ser uma profecia. É preciso retirar conclusões e elas dizem-nos que temos de animar o nosso eleitorado. Os eleitores do Podemos e do PP estão mobilizados e há uma parte do eleitorado do PSOE que está desanimada e que é preciso animar", afirmou o líder dos socialistas.
Quem se mostra bastante satisfeito com as previsões é o Podemos, mas Íñigo Errejón prefere deitar água para a fervura e evitar que os votantes do partido deem como um dado adquirido a ultrapassagem ao PSOE. "Sejamos prudentes. Não são as sondagens que vão decidir o futuro do país, mas sim as pessoas", sublinha o diretor de campanha e número dois do partido de Iglesias.
Analisando estas duas últimas sondagens, a situação política em Espanha ameaça continuar num impasse. Ainda que o estudo do El Mundo dê maioria absoluta a uma solução do tipo bloco central, esse é um cenário quase impossível, uma vez que as posições entre Rajoy e Sánchez estão muito extremadas.
Por outro lado, uma eventual coligação entre o PSOE e o Unidos Podemos fica longe da maioria (157 deputados segundo o El Mundo) e dificilmente conseguiria apoios parlamentares que viabilizassem esse governo.
Resta a hipótese de um governo do Partido Popular com o Ciudadanos (167 deputados) viabilizado pelo PSOE. Mas, para que isso seja possível, Rivera terá de fazer marcha-atrás no discurso. Ontem, durante um pequeno-almoço informativo, questionado pelos jornalistas sobre se consideraria a hipótese de governar com Rajoy, o presidente do Ciudadanos foi peremptório: "Não." Tudo indica que encontrar uma solução de governo continuará a ser um quebra-cabeças de nível de dificuldade elevado.
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