A Procuradoria-Geral da República do Brasil ouve a partir desta segunda-feira e até quinta-feira dez depoimentos que podem ser decisivos para a apresentação de uma denúncia contra Jair Bolsonaro..Na sequência do depoimento do ex-ministro da justiça Sergio Moro, o presidente do Brasil pode ser acusado de corrupção passiva privilegiada, obstrução de justiça e advocacia administrativa por tentar interferir na autonomia da polícia federal..Os depoimentos de hoje serão, entre outros, de Maurício Valeixo, o braço direito de Moro na polícia que Bolsonaro demitiu, e de Alexandre Ramagem, o amigo da família presidencial escolhido para ocupar o seu lugar..Depois, serão ouvidos três ministros, todos eles generais muito próximos de Bolsonaro, que estiveram numa reunião em que Moro se queixa de ingerência..Finalmente, Carla Zambelli, deputada bolsonarista que sugeriu a Moro, por mensagem de aplicativo, um lugar no Supremo em troca de ele concordar em trocar a chefia da polícia..Caso a Procuradoria-Geral da República venha a concluir que há matéria para denunciar Bolsonaro, caberá à Câmara dos Deputados aprovar ou não a continuação das investigações..Basta ao chefe de estado ter um terço mais um dos parlamentares do seu lado para barrar a investigação..É uma situação diferente da do impeachment, que derrubou há quatro anos Dilma Rousseff, mas muito semelhante à enfrentada duas vezes por Michel Temer..Na ocasião, os deputados decidiram pelo arquivamento das duas investigações contra o ex-presidente..Bolsonaro, preparado para o pior, faz contas aos seus apoios no Congresso e, para se blindar, já vai oferecendo cargos a quem, no limite, tem o seu futuro político nas mãos.