Correios não garantem votos a tempo. Obama acusa Trump de "minar" eleição
O serviço postal norte-americano informou os cidadãos por carta de que não conseguiria enviar todos os votos por correspondência, durante as eleições, a tempo deste serem contados. Perante a recusa de Trump em aumentar o financiamento dos correios para suprimir as dificuldades, Obama fala em tentativa de "minar as eleições".
É esperado que o número de norte-americanos a votar por correspondência aumente em tempo de pandemia. No entanto, em contagem decrescente para as eleições presidenciais a três de novembro, o serviço de correios dos Estados Unidos assume não ter capacidade para entregar a tempo milhões de boletins. O que será conveniente para o atual presidente e candidato, Donald Trump, acusa o ex-chefe de estado, Barack Obama.
Relacionados
O aviso chegou por carta, no mês passado, a milhões de norte-americanos espalhados por pelo menos 15 estados. De acordo com a BBC, os correios informaram os cidadãos de que poderão não ser capazes de entregar todos os votos por correspondência que são esperados durante as eleições a tempo destes serem contabilizados. "Certos prazos são incongruente com as habituais datas de entrega do serviço de correios", escreveu a empresa.
O alerta gerou de imediato criticas ao serviço, acusado o diretor do mesmo de desacelerar propositadamente as entregas para beneficiar Donald Trump, que ainda na quinta-feira, admitiu bloquear financiamento adicional aos correios durante o ato eleitoral. Por mais de uma vez, o atual presidente norte-americano referiu-se a esta modalidade de voto como oportunidade para o seu rival, o democrata Joe Biden, cometer fraude eleitoral.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Já o ex-presidente, Barack Obama, olha para esta atitude como uma "tentativa de Trump para minar as eleições". Na rede social Twitter, o anterior governante lembra que há milhares de norte-americanos que dependem deste meio para votar, como idosos, veteranos de guerra ou pequenos comerciantes que não podem fechar o seu negócio para se deslocarem às urnas, e que estes não devem sofrer "danos colaterais de uma administração mais preocupada em suprimir votos do que em suprimir vírus".
Também os líderes democratas no Congresso Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, e Chuck Schumer, líder da minoria no Senado, revoltaram-se contra a postura de Trump, acusando-o de "atacar" e sabotar as eleições de 2020.
Esta semana, em entrevista à agência Lusa, o consultor político Akram Elias, com mais de 30 anos de experiência, desvalorizava as aparentes possibilidades de neutralizar votos por correio, garantindo que há formas de proteger a veracidade e regular as votações.
Segundo o fundador de um grupo de consultoria que oferece serviços a governantes e clientes privados de todo o mundo, a supervisão das eleições por membros da sociedade civil, voluntários e representantes políticos em todas as estações de voto nos Estados Unidos asseguram a integridade e transparência dos resultados.
Reconhecendo que os EUA vivem atualmente "um período duro", Akram Elias afirmava que o país já passou por eleições em várias fases tumultuosas da história, mas que as pessoas tendem a esquecer.