Praias cheias, festas de rua e o futebol. Como os ingleses desafiam o vírus

A festa do título do Liverpool foi mais uma dor de cabeça para as autoridades com milhares nas ruas sem máscara. As concentrações nas praias e nas festas de rua em Londres, em que a polícia é atacada, estão a levar as autoridades a ponderarem medidas mais rígidas.

O desconfinamento não é fácil. Na Inglaterra, os primeiros dias de alívio nas restrições têm gerado situações de alguma preocupação e à ponderação de medidas mais drásticas. As praias podem ser encerradas para impedir o ressurgimento do coronavírus , alertou o ministro da Saúde Matt Hancock, após uma onda de calor provocou uma corrida frenética para o litoral, o que levou a cenas "irresponsáveis ​​e egoístas" de desrespeito pelas regras sanitárias.

As praias do sul do país registaram enchentes, com as temperaturas altas que se sentiram, levando as autoridades de Bornemouth a declararem situação de emergência devido ao comportamento de milhares de pessoas que desafiaram as regras de distanciamento social. Em Londres, as festas de rua originam graves confrontos com a polícia quando agentes tentam dispersar a multidão. E o Liverpool foi campeão com milhares a saírem à rua sem máscara para festejar um título que escapava há 30 anos.

Junto ao estádio de Anfield, em Liverpool, uma multidão reuniu-se para celebrar o título de campeão inglês de futebol. Maioria não usava máscara e o chefe da polícia de Merseyside, Rob Carden pediu responsabilidade, lembrando que a região de Liverpool tinha sido "desproporcionalmente afetada" pela pandemia de coronavírus e que os residentes deviam fazer tudo para impedir novos casos.

"Infelizmente, como vimos durante todo o período de confinamento, nem todos aderiram aos regulamentos em vigor", disse o responsável. "Embora a grande maioria das celebrações tenha boa índole, um grande número de pessoas optou por reunir-se fora do estádio", apontou.

Nem todos adeptos usavam máscaras para a festa e, pouco antes das 23.00, a polícia anunciou que os encerramentos das ruas seriam postos em prática. Agentes podiam ser vistos na área enquanto as pessoas comemoravam, mas nenhuma tentativa foi feita para dispersar a multidão, não se registando incidentes.

Diferente foi a situação em Londres. Depois de incidentes em Brixton na quarta-feira, em que polícias foram agredidos em confrontos graves quando tentavam dispersar uma multidão numa festa de rua, uma situação semelhante aconteceu na noite passada em Notting Hill. Foi mais um evento musical sem licença que levou à intervenção policial e a confrontos.

A Scotland Yard disse que objetos foram lançados contra agentes que dispersavam a multidão. A polícia de Kensington e Chelsea tuitou: "Os agentes estão no local de um evento de música sem licença perto de Colville Gardens. A violência não será tolerada e as unidades estão a responder adequadamente."

O comandante Bas Javid disse que agentes extras, com equipamentos de proteção individual, foram chamados para garantir uma "resposta rápida e eficaz a qualquer relato ou distúrbio". O chefe da Scotland Yard acrescentou que a polícia tem o papel de "manter as comunidades seguras e hoje [ontem] à noite as pessoas podem esperar uma presença policial aumentada nas áreas onde sabemos que esses eventos estão a ocorrer".

"Isto é uma resposta direta às preocupações expressas pelas nossas comunidades, muitas das quais ficaram assustadas e chocadas com os eventos que acontecem fora de suas casas", disse, referindo-se a festas de rua em que a música atrai multidões de jovens.

Nas praias do sul não foram só os jovens que se juntaram na areia junto ao mar, numa semana em que a Inglaterra teve uma vaga de calor, com temperaturas acima dos 30 graus.

"O comportamento irresponsável e as ações de tantas pessoas são simplesmente chocantes e os nossos serviços são esticados ao máximo a tentar manter todos em segurança. Não tivemos outra escolha a não ser declarar um incidente grave e iniciar uma resposta de emergência", informou a Met Police, num comunicado.

O comandante adjunto da polícia de Dorset, Sam de Reya, urgiu as pessoas a evitarem a região. "Claramente ainda estamos numa crise de saúde pública e um volume tão significativo de pessoas a dirigir-se para uma área coloca uma pressão adicional nos recursos dos serviços de emergência", enfatizou.

Na terça-feira, o primeiro-ministro Boris Johnson anunciou o levantamento de várias restrições a partir de 04 de julho, autorizando a reabertura de bares e restaurantes e a redução da regra de distanciamento social de dois metros para um metro ou mais, uma medida destinada a facilitar o funcionamento de certos negócios.

O Reino Unido tem um número total de óbitos de 43.230, o mais elevado na Europa e o terceiro maior no mundo, atrás dos EUA e Brasil. Na quinta-feira foram registadas 149 mortes e 1.118 novas infeções.

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