Governo confirma detenção em Inglaterra de portuguesa suspeita de terrorismo

A mulher de 28 anos é suspeita de pertencer a um grupo de extrema-direita banido no Reino Unido
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Uma mulher portuguesa de 28 anos foi detida em Inglaterra, acusada de pertencer a um grupo de extrema-direita banido no país, o National Action. Cláudia Patatas foi detida com outros cinco homens, todos ingleses, e o grupo enfrenta agora acusações de terrorismo. Em tribunal, todos alegaram ser inocentes.

Ao DN a secretaria de estado das Comunidades informou que "a família da cidadã contactou o Gabinete de Emergência Consular, que encaminhou a informação para o Consulado Geral de Londres que investigou, confirmou a detenção e está a acompanhar a situação".

As detenções, que ocorreram a 3 de janeiro, foram anunciadas pela polícia de West Midlands na segunda-feira, e ocorreram na sequência de uma investigação da unidade de contraterrorismo.

Além da portuguesa, foram acusados Adam Thomas, de 21 anos e residente na mesma morada que Claudia Patatas, Nathan Pryke, de 26, Darren Fletcher, de 28, Daniel Bogunovic, de 26, e Joel Wilmore, de 24 anos.

Segundo a polícia de West Midlands, que coordenou a operação, fez as primeiras detenções e iniciou as buscas a 03 de janeiro passado, o alegado companheiro da portuguesa é acusado de posse de "informações de tipo susceptível de ser útil a uma pessoa que cometa ou prepara um ato de terrorismo".

De acordo com a imprensa britânica, o jovem, que se apresentou no tribunal de cabeça rapada, teria na sua posse uma cópia do livro "The Anarchist Cookbook" [O Livro de Cozinha do Anarquista], cujo conteúdo inclui instruções para o fabrico de engenhos explosivos.

O grupo compareceu em tribunal na quarta-feira e todos se declaram inocentes, mas a juíza negou-lhes a possibilidade de saírem sob fiança. Há uma nova audiência marcada para 19 de janeiro.

A procuradora Jessica Hart, citada no Daily Mail, indicou que houve um "envolvimento deliberado e prolongado numa organização terrorista imediatamente depois" daquela ter sido banida. "Expressaram apoio pelas ideias daquela organização de que uma guerra racial é provável e que é necessário preparação para ela e para criar uma sociedade só de brancos".

A 'Ação Nacional', declarada oficialmente ilegal em dezembro de 2016 após três anos de existência, foi a primeira organização de extrema-direita a ser considerado proibida no país enquanto grupo terrorista, pelo que os seus membros ou apoiantes podem ser condenados até 10 anos de prisão.

Em causa estava o material que disseminado na Internet, nomeadamente nas redes sociais, com imagens e linguagem violentas e apelos a atos de terrorismo.

Embora a decisão de banir o grupo tenha sido anterior ao julgamento de Thomas Mair, condenado pelo assassinato da deputada Jo Cox, que foi aplaudido pela Ação Nacional e alegadamente inspirado por ideologia neonazi.

A ministra da Administração Interna britânica, Amber Rudd, descreveu na altura a 'Ação Nacional' como "uma organização racista, antisemita e homofóbica que suscita o ódio, glorifica a violência e promove uma ideologia vil".

Cláudia Patatas vive em Banbury, tal como outro dos acusados, e é fotógrafa de profissão, especializada em casamentos, segundo o seu site.

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