Para entender as eleições em Hong Kong
O que distingue as eleições em Hong Kong?
Apenas metade dos deputados (35 em 70) são escolhidos pelo voto de um universo de 3,8 milhões de eleitores. Os restantes 35 são eleitos indiretamente através de círculos funcionais, que correspondem a áreas de atividade industrial, financeira, educativa, rural, artística e outras. Existem 28 círculos, que elegem um deputado cada, com exceção do círculo do Trabalho, que elege 3, Os círculos funcionais correspondem a cerca de 240 mil eleitores. Houve uma afluência recorde, tendo votado 58% dos inscritos.
Qual a principal surpresa da eleição de ontem?
O resultado conseguido pelos partidos pró-democracia, registando-se ainda a entrada no Conselho Legislativo de dois deputados do Jovem Aspiração, criado na sequência das manifestações anti-Pequim de 2014, conhecidas como a "Revolução dos Chapéus de Chuva". Os partidos pró-democracia têm 17 eleitos, a que se somam mais dez escolhidos pelos círculos funcionais. O campo pró-Pequim conta 43 eleitos.
Qual a margem de ação dos pró-democracia?
O resultado alcançado permite à oposição manter um terço dos deputados indispensáveis para o voto de bloqueio nas leis mais importantes, nomeadamente sobre alterações ao processo eleitoral, despesa pública e à ação do próprio governo do território.
Resultado reforça cenário de independência?
Os elementos da nova geração, que se revê principalmente nos partidos ditos "localistas", como o Jovem Aspiração, defendem se não a independência total face a Pequim, pelo menos uma vasta autonomia, que passaria pela eleição livre dos deputados do Conselho Legislativo como do próprio chefe do Executivo, também escolhido de forma indireta por um colégio eleitoral, atualmente de 1200 pessoas. As formações tradicionais pró-democracia advogam as eleições diretas e autonomia, mas mostram grande contenção face a um cenário de independência do território devolvido a Pequim em 1997.