OMS eleva risco de contágio para "muito alto" a nível global
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reavaliou risco e contágio do novo coranavírus e elevou-o para "muito alto". A justificação para alterar o nível de ameaça é o aumento contínuo de países afetados que o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, considerou esta sexta-feira (28) "muito preocupante".
O vírus já infetou cerca de 79 000 pessoas na China e mais de 5 000 no resto do mundo e espalhou-se por mais de 50 países. Portugal não regista até agora casos positivos ao covid-19.
"Aumentamos a nossa avaliação do risco de propagação e do impacto do covid-19 para um nível muito alto em todo o mundo", disse o diretor-geral da OMS, em conferência de imprensa. No entanto, fez questão de frisar que "ainda não há evidências de que o vírus esteja a espalhar-se livremente. Enquanto for esse o caso, ainda temos possibilidade de contê-lo".
"A chave para conter o vírus é quebrar a cadeia de transmissão", acrescentou, enfatizando a importância de cada um tomar precauções para impedir o contágio. "O nosso maior inimigo não é o vírus em si, é o medo, os rumores e o estigma. E nossos maiores aliados são os factos, razão e solidariedade", afirmou.
Tedros Adhanom Ghebreyesus referiu também que estão a ser desenvolvidas 20 vacinas, ao mesmo tempo que se realizam diversos ensaios clínicos cujos resultados preliminares são esperados dentro de "algumas semanas".
O esforço científico para conter a progressão da doença e para tentar encontrar soluções específicas levou a que medicamentos já aprovados para outras infeções virais, como as causadas pelo ébola ou pelo VIH, estejam a ser usadas em ensaios clínicos na China, onde surgiu o surto e há o maior número de infetados, para se perceber se poderão ser eficazes contra o novo coronavírus.
A OMS estimou recentemente que não deverá ser possível dispor de uma vacina eficaz contra o covid-19 antes de ano e meio - os testes em humanos de uma primeira vacina experimental deverão, contudo, começar já em abril, nos Estados Unidos.
Já Michael Ryan, chefe do Programa de Emergências em Saúde da OMS, respondeu que era "inútil" perguntar se o surto já poderia ser considerado uma pandemia. A este propósito, esclareceu que se a OMS usasse esta classificação estaria a aceitar que todos os seres humanos do planeta estão expostos ao vírus. "Os dados não mostram isso."
No entanto, admitiu que se não agirmos essa poderá ser a situação futura. "Grande parte do futuro dessa epidemia está nas nossas mãos."
O coronavírus - que surgiu na província chinesa de Hubei - já infetou quase 84 mil pessoas em todo o mundo e fez 2867 vítimas mortais. Na Europa, a situação o mais preocupante é a Itália, que registou 17 mortes e 655 doentes, é o quarto país do mundo com mais casos.