OMS alerta: "Isto não é uma simulação!"

Os oficiais da saúde mundial já avisaram que os países não estão a levar a epidemia do corona vírus a sério. À medida que vão aparecendo casos pela Europa e Estados Unidos, vão surgindo relatórios médicos sobre a "perturbadora" falta de preparação hospitalar para o surto.
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Em tempo de adoção de medidas drásticas e extraordinárias para o combate e prevenção da doença que já matou mais de 3.300 pessoas no mundo e infetou praticamente 100 mil habitantes de 85 países, os mercados financeiros internacionais vivem grandes preocupações com a economia mundial e as possíveis quedas que possam enfrentar. Na Ásia, esta sexta-feira, verificou-se uma brutal queda do mercado de ações.

O número de casos em Itália, França, Grécia e Irão continuam a subir. Ao mesmo tempo, um navio está a atracado na costa da Califórnia enquanto aguarda os resultados dos testes feitos aos passageiros que apresentam os sintomas típicos da doença - caso semelhante ao que testemunhámos há uma semanas no Japão e que resultou na confirmação de centenas de infetados num cruzeiro de luxo.

Esta epidemia já começa a demonstrar os estragos causados nos diversos setores a nível internacional, como o Turismo, Desporto e Educação, tendo sido cerca de 300 milhões de estudantes enviados para casa.

Até a religião foi afetada: o Vaticano já admitiu que o Papa Francisco pode ter de alterar a sua agenda, Belém viu-se obrigado a encerrar a Capela da Natividade por precaução e na Arábia Saudita teve de encerrar duas das suas mesquitas mais sagradas para esterilização.

A China, epicentro da epidemia, ainda é o país a registar mais casos e mortes, no entanto os números pelo mundo estão a aumentar cada vez mais rápido, sendo a Coreia do Sul, o Irão e Itália os locais mais preocupantes.

A Organização Mundial de Saúde avisou esta terça-feira, dia 3, que existe uma longa lista de países que não estão a demonstrar o nível de compromisso político "equivalente ao nível da ameaça que todos enfrentamos".

"Isto não é uma simulação" declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, alertando para a necissidade de uma "preparação agressiva".

Nos Estados Unidos, o maior sindicato de enfermeiros apresentou uma pesquisa feita por milhares de enfermeiros que demonstra resultados "verdadeiramente perturbadores.". Jane Thomson, higienista do sindicato declarou que "Os resultados mostram que uma grande percentagem dos nossos hospitais não está preparada para reagir de forma segura ao Covid-19". Os enfermeiros não dispõe de equipamento próprio que assegure a sua segurança nem de preparação para lidar com a doença de forma correta, acrescentou ainda Bonnie Castillo, diretora da Organização Nacional de Enfermeiros americana.

O plano de emergência americano

O Congresso dos Estados Unidos já aprovou um plano de emergência no valor de 8,3 milhões de dólares para combater o coronavírus esta terça-feira, à altura em que o surto chegou a mais zonas do país e o número de mortes subiu para 12.

Mais de 180 pessoas estão infetadas nos EUA, mas Donald trump continua a desvalorizar a exisetencia de um perigo real, classificando a taxa de 3,4% de mortalidade do vírus, avançada pela OMS, como "falsa". Para isso utilizou os dados avançados por Brett Giroir, o seu secretário assistente da Saúde, que estima que a verdadeira taxa de mortalidade está entre 0,1% e 1%, "parecido com o da gripe sazonal", devido ao número de casos não reportados.

Um helicóptero levou kits de teste até ao Grand princess, o navio atracado na costa de São Francisco, de modo a conseguir determinar se algum dos quase 3,500 tripulantes (incluindo trabalhadores e passageiros) terá contraído a doença.

O alarme foi soado depois de se terem confirmado dois casos de tripulantes que tinham estado a bordo do navio, tendo um deles falecido. Este navio pertence à empresa Princess Cruise, a mesma que operava o navio parado no Japão, onde foram contados 700 casos positivos, dos quais 6 resultaram na morte dos passageiros.

China importa casos

Os números na china têm vindo a diminuir de forma gradualmente devido à quarentena imposta aos milhões de habitantes, hábito que começou em Wuhan em dezembro.

Todavia, e pelo segundo dia consecutivo, na sexta-feira passada registou-se um aumento no número de infetados, com 143 novos pacientes, sendo que 36 são importados de fora do país.

O número total de mortes na China ronda os 3,042 e o de infetados está nos 80,559.

A revolta dos moradores de Wuhan dirigida ao governo não diminuiu, surgindo agora vídeos de cidadãos a discutir com oficiais, que visitavam os apartamentos. De acordo com os media chineses, a revolta é contra a administração de propriedades, que fingia ter voluntários a distribuir refeições aos moradores fechados em casa.

Um aumento da epidemia também está a ser registado em outros países.

A Coreia do Sul detém o segundo maior número de casos, com cerca de 6,000 infetados e 42 mortes, obrigando ao fecho das escolas por um período de 3 semanas.

O Japão impôs a quarentena a todas as chegadas vindas da Coreia do Sul e da China, gerando alguma controvérsia em Seul, que convocou o embaixador Japonês para protestar a adoção desta "medida irracional".

Itália representa o maior foco do surto na Europa, tendo já determinado o fecho de todas as escolas e universidades até 15 de março, e na terça-feira, dia 3, registou um acentuado aumento no número de mortes, que subiu para 148.

Em França também foi registado um aumento, tendo um total de 423 infetados e 7 mortes.

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