O herói da mesquita. Zelador desarmou terrorista e evitou mais mortes

Um outro homem tentou tirar a arma ao terrorista na mesquita onde morreram 41 pessoas. Não conseguiu e foi imediatamente abatido. Há 49 mortos nos ataques às duas mesquitas.
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A polícia disse que houve muitos "atos heroicos" dos agentes das autoridades que detiveram os quatro suspeitos dos ataques a mesquitas em Chrischurch, esta sexta-feira, na Nova Zelândia. Mas houve um homem que, segundo testemunhas, conseguiu desarmar o atirador na mesquita de Linwood - onde foram mortas sete pessoas. Na mesquita de Al Noor, onde estavam cerca de 400 pessoas, foram assassinadas 41.

Syed Mazharuddin, que perdeu amigos no ataque, recorda que estavam no edifício da mesquita Linwood entre 60 a 70 pessoas. "Junto à porta de entrada [da mesquita] havia pessoas idosas sentadas a rezar e ele começou por atirar nestas", descreve.

Mazharuddin contou ao The New Zealand Herald que o atirador - ainda não é claro se é o mesmo que matou 41 pessoas na mesquita de Al Noor - usava equipamento de proteção (um colete) e disparava "violentamente".

Um homem que é habitualmente o zelador da mesquita tentou tirar-lhe a arma. "O jovem que geralmente cuida da mesquita, ajuda a estacionar os carros e assim, viu uma oportunidade e atacou [o atirador] e pegou na arma", disse Mazharuddin.

"O herói tentou persegui-lo, mas não conseguiu encontrar o gatilho da arma ... ele ainda correu atrás dele, mas havia pessoas à espera no carro e ele fugiu."

Mazharuddin contou também que os seus amigos foram atingidos com balas no peito e na cabeça. Um deles morreu no local, o outro ficou a sangrar enquanto Mazharuddin tentava entrar em contacto com os serviços de emergência.

"Eu corri para fora e, em seguida, a polícia veio e eles não me deixaram voltar para que eu pudesse salvar o meu amigo. Ele sangrava muito", contou. "Demorou mais de meia hora até a ambulância chegar. Acho que ele deve ter morrido", disse a testemunha.

Disparou "sobre crianças, homens, mulheres, idosos", descreve testemunha

Um sobrevivente do ataque à mesquita Al Noor também falou sobre o que viu, no exterior do Hospital Christchurch, onde está em marcha um plano de emergência. Viu um amigo ser morto pelo atirador enquanto os três filhos fugiram do tiroteio.

Khaled Al-Nobani conta que o atirador entrou armado com dois riffles e que ficou parado dois minutos. Depois, começou a disparar: "Sobre crianças, homens, mulheres, idosos", disse Al-Nobani.

Também ele viu um homem a tentar tirar a arma ao terrorista, mas foi morto imediatamente. Na rua, já depois de ter conseguido fugir. Al-Nobani viu um amigo com a filha de 5 anos, que estavam a chegar à mesquita.

"Ele está no hospital, ela está no hospital", desabafou. Presenciou também a cena aterrorizadora em que o atirador abateu um pai que fugia com os seus três filhos.

Al-Nobani critica o tempo de resposta da polícia. "Estamos no centro de Christchurch - e a polícia demora 20 minutos a chegar. Não havia trânsito. Precisavam de dois minutos [no máximo]", afirma.

Dois dos amigos de Al-Nobani morreram. Um deles era um refugiado da Síria com quatro filhos e uma mulher. O sobrevivente da Mesquita Al Noor disse que tem mais de 10 "amigos próximos" internados no Hospital de Christchurch.

Sobre o atirador, recorda que "dizia palavrões, ouvia música e falava [provavelmente ao telefone] com amigos" enquanto abria fogo contra quem se encontrava na mesquita.

O atirador - não se sabe se foi um apenas que disparou, embora não estivesse sozinho na carrinha que usou para fugir, segundo testemunhas - fez e partilhou um vídeo do ataque à mesquita de Al Noor.

O vídeo, transmitido em direto no Facebook e em outras redes sociais - já retirado por ordem das autoridades - tem a duração de 17 minutos e mostra a viagem do atirador, tendo ao lado armas e munições. Através de uma câmara no capacete, o atirador mostra-se a entrar na mesquita e a abrir fogo, a regressar ao veículo para ir buscar mais munições, e a regressar de novo à mesquita para continuar a matar.

Equipa da seleção de críquete do Bangladesh salvou-se por "cinco minutos"

A equipa da seleção nacional de críquete do Bangladesh estava a "minutos" de entrar na mesquita de Al Noor quando o tiroteio começou. "Se estivéssemos lá cinco minutos antes, teria sido pior", disse à BBC o chefe da equipa Khaled Mashud.

Os jogadores estão "sãos e salvos" no hotel, e irão regressar a casa "nos próximos dias", disse Mashud, acrescentando que havia jogadores a chorar no autocarro. "Estavam todos mentalmente afetados".

A equipa dirigia-se para a mesquita após uma conferência de imprensa no Hagley Oval. Um atraso acabou por evitar que os jogadores chegassem à hora agendada.

"Havia 17 jogadores no autocarro, eu como manager tinha a responsabilidade de voltar ao hotel com eles. É muito difícil, sentimos como se estivéssemos dentro de um filme", desabafou Khaled Mashud.

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