A China reagiu, quarta-feira, às críticas internacionais sobre a controversa nova lei de segurança nacional para Hong Kong, aprovada na passada terça-feira, ao afirmar que os outros países não devem intrometer-se..Governos e críticos ocidentais alertaram que a nova lei irá reduzir a autonomia da cidade indo contra a política "um país, dois sistemas", que visa proteger as liberdades dos cidadãos de Hong Kong. As autoridades de Pequim rejeitaram, no entanto, as críticas.."O que isto tem a ver com vocês?" afirmou Zhang Xiaoming, do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau, durante uma conferência de imprensa. "Não é da vossa conta", reforçou..A nova lei de segurança nacional para Hong Kong pune "atos de secessão, subversão, terrorismo e conspiração com forças estrangeiras para comprometer a segurança nacional" e entrou em vigor esta quarta-feira, data que assinala a transferência do território da soberania britânica para a chinesa, que ocorreu em 1997..10 pessoas detidas por violarem a nova lei de segurança nacional.Na quarta-feira existiu uma grande força policial mobilizada nas ruas de Hong Kong, no dia em que se celebrou o 23º aniversário da entrega do território à China..O desfile em que a população de Hong Kong tradicionalmente participa neste dia foi, pela primeira vez, proibido pelas autoridades..Em vez do habitual desfile registaram-se confrontos entre forças policias e manifestantes. .A polícia de Hong Kong deteve 370 pessoas, das quais 10 acusadas de transgressão à nova lei da segurança nacional imposta por Pequim..Foram detidos "por participarem em reuniões não autorizadas, conduta desordeira, posse de armas e outras ofensas relacionadas", indicou a polícia nas redes sociais..Dos cerca de 370 detidos hoje pelas forças policiais, dez foram presos por supostas violações da lei de segurança nacional..A polícia usou canhões de água, spray de gás-pimenta e gás lacrimogéneo para dispersar a multidão..Muitos dos manifestantes entoaram palavras de ordem em favor da independência.."O que o regime autoritário quer fazer é aterrorizar as pessoas e impedi-las de partir", disse à AFP Chris To, manifestante de 49 anos..Segundo as autoridades, sete policias ficaram feridos, um deles após ter sido esfaqueado no ombro enquanto procedia a uma detenção..China diz que nova lei garante "prosperidade e estabilidade" na região.A China sublinha que existiu uma ampla consulta a membros da sociedade de Hong Kong e refuta as críticas que dão conta de que a nova lei de segurança nacional interfere com a autonomia de Hong Kong e mina as liberdades dos seus cidadãos..A oposição em Hong Kong teme um declínio sem precedentes nas liberdades dos cidadãos desde que aquela região foi entregue pelo Reino Unido à China em 1997, noticia a agência AFP.."Somos completamente capazes de impor a lei criminal, o procedimento criminal e a lei de segurança nacional e outras leis nacionais em Hong Kong", afirmou Zhang..Zhang insistiu que a lei - que, afirma, não pode ser aplicada retroativamente - destina-se apenas a "um punhado de criminosos" e "não a todo o campo da oposição".."O objetivo de promulgar a lei de segurança nacional de Hong Kong não é definitivamente classificar como um inimigo a oposição de Hong Kong, o campo pró-democracia," disse..O Governo chinês afirmou que esta lei de segurança nacional de Hong Kong "fortalece a fórmula 'um país, dois sistemas'", além de garantir "prosperidade e estabilidade" na região semiautónoma.."A legislação é a segunda mais importante depois da Lei Básica [a miniconstituição da cidade], e é um marco na política do Governo central em relação a Hong Kong", apontou Zhang Xiaoming, que definiu o texto como uma "abordagem firme e flexível da situação na cidade" e considerou "normal que as pessoas em Hong Kong tenham dúvidas" sobre a lei. .Disse, no entanto, que a lei "fortalecerá claramente" o modelo de governação 'um país, dois sistemas', que garante a autonomia da cidade em relação à China continental..As declarações de Zhang Xiaoming surgem um dia depois do partido pró-democracia de Hong Kong, Demosisto, anunciar a sua dissolução na sequência da aprovação pelo Parlamento de Pequim da controversa lei da segurança nacional aplicada à região administrativa especial..Zhang também criticou a possibilidade que alguns países manifestaram em adotar sanções contra Pequim.."Quanto a alguns países que dizem agora que irão impor sanções severas, penso que essa é a lógica dos criminosos", considerou..Um grupo de 27 países, incluindo o Reino Unido, França, Alemanha e Japão, fez uma rara repreensão oral à China no Conselho dos Direitos Humanos da ONU em Genebra, na terça-feira, e pediu a Pequim que reconsidere a lei..O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, afirmou, em comunicado, que 53 países fizeram uma declaração conjunta no conselho para "apoiar a política da China em Hong Kong".."Uma minoria de países ocidentais, incluindo o Reino Unido, atacou e difamou a China por questões relacionadas a Hong Kong", referiu. Acrescentou dizendo que a atitude "anti-China de alguns países ocidentais falhou"..(Notícia atualizada 2 de julho às 19:30)