MNE russo diz que acha "divertidas" notícias que acusam Kremlin de envenenar Navalny
Sergey Lavrov descarta notícias como as que dão conta -- após uma longa investigação -- de que oficiais da FSB seguiram o opositor de Putin durante vários meses identificaram quem o envenenou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia descartou esta quarta-feira quaisquer notícias que alegam que o Kremlin tentou várias vezes envenenar o crítico do regime Alexei Navalny e que as autoridades do país podem estar por detrás do envenenamento.
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Sergey Lavrov explicitou que Moscovo "está habituada" a acusações contra a Rússia transmitidas em órgãos de comunicação ocidentais e chegou até a satirizar a questão.
"É divertido ler todas estas notícias, mas a maneira como foram apresentadas apenas diz uma coisa: que os nossos parceiros ocidentais carecem de quaisquer normas éticas e de competências de trabalho diplomático normal, e não estão dispostos a ser conduzidos pelas normas da lei internacional quanto se trata de estabelecer factos", criticou chefe da diplomacia russa.
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Lavrov fez estas declarações durante uma conferência de imprensa que ocorreu depois de uma reunião com o homólogo croata, em Zagreb, capital da Croácia.
Alexei Navalny, um dos maiores críticos do regime de Vladimir Putin, adoeceu em 20 de agosto durante um voo doméstico na Rússia e acabou por ser transportado em coma para a Alemanha para tratamento dois dias depois.
Laboratórios na Alemanha, em França e na Suécia, assim como perícias pela Organização para a Proibição de Armas Químicas, concluíram que o líder da oposição na Rússia foi exposto a um agente nervoso Novichok, utilizado nos tempos da União Soviética.
Navalny e os aliados acusaram repetidamente o Kremlin de envenenamento, alegações que as autoridades rejeitaram.
Na segunda-feira, uma investigação do grupo Bellingcat e do The Insider divulgaram um relatório que alega que elementos do FSB, a agência de segurança interna da Rússia e que é considerada um sucessor do KGB, seguiram Navalny nas viagens que fez desde 2017.
Estes operacionais do FSB tinham "treino especializados em armas químicas, química e medicina" e "estavam na proximidade do ativista da oposição nos dias e horas do período em que foi envenenado".
Esta investigação, feita pelo Bellingcat e pelo The Insider em cooperação com a CNN e com o Der Spiegel, identificou os alegados autores do envenenamento e os laboratórios onde foi desenvolvido este agente nervoso através da análise dos metadados de comunicações e de informações de voo.
Em duas instâncias, em 2019 e 2020, é explicitado que Navalny e a mulher adoeceram com sintomas inexplicáveis.
"O caso está resolvido. Sei quem são todos aqueles que me tentaram matar", escreveu Navalny no blog que criou pouco depois da publicação deste relatório.
O político, que está convalescente na Alemanha, disse que a equipa com a qual trabalha conseguiu verificar estas evidências e voltou a acusar o Presidente russo de ser o 'cérebro' do envenenamento.
"Já tinha dito que a tentativa de homicídio contra mim foi ordem de Putin. E agora com todos estes factos digo: os operacionais do FSB estão a organizar atos terroristas às ordens do Presidente Putin", acrescentou Navalny.
O FSB e o Kremlin ainda não comentaram as informações espelhadas no relatório.