Milhares nas ruas de Hong Kong para dar uma "última oportunidade" ao governo

Manifestantes marcam seis meses de protestos novamente nas ruas, depois da vitória pró-democrática nas eleições locais de novembro, naquela que deverá ser a manifestação mais participada desde o início dos protestos. A mobilização já levou à detenção de 11 pessoas e várias armas.
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Milhares de manifestantes regressaram este domingo às ruas de Hong Kong, seis meses depois do início da onda de protestos da região chinesa, iniciados em junho, e duas semanas após a vitória da pró-democracia na eleições locais de 24 de novembro. A mobilização tem como objetivo dar uma "última oportunidade" à chefe do executivo, Carrie Lam, para que aceite as sua reivindicações. A organização da manifestação estima que haja cerca de 800 mil participantes, a polícia aponta para 183 mil, segundo a BBC.

Desde junho que a antiga colónia britânica atravessa uma crise grave com ações quase diárias para exigir reformas democráticas e pedir uma investigação sobre o comportamento da polícia. "Esperamos que o governo não cometa o erro de acreditar que a população desistiu dos seus pedidos nas últimas semanas", dizia Jimmy Sham, um dos responsáveis da Frente Civil dos Direitos Humanos (FCDH), aos jornalistas. "Esta é a última oportunidade dada pela população a [Carrie] Lam", acrescentou Sham.

A Frente Civil dos Direitos Humanos é um movimento que defende a não-violência e que organizou as principais manifestações de junho e julho. A polícia tomou a decisão, pela primeira vez, de permitir que a FCDH organizasse esta manifestação.

A marcha deste domingo segue um percurso, já usado várias vezes, a partir do Victoria Park e e atravessando zonas comerciais. Esta deverá ser a manifestação mais participada desde o início dos protestos.

O movimento marcará na segunda-feira os seis meses da sua mobilização, que começou com uma manifestação em 9 de junho, contra um projeto de lei que pretendia autorizar extradições para a China, mas que, entretanto, já foi retirado formalmente pelo Governo de Hong Kong.

Nos fóruns online usados pelos manifestantes, muitos apelam a marcar os seis meses de protestos com uma nova ação, em larga escala, de bloqueio dos transportes públicos na segunda-feira.

Polícia deteve 11 pessoas e apreendeu armas

Um dos representantes da Frente Civil dos Direitos Humanos (FCDH), Jimmy Sham, apelou aos manifestantes e à polícia para evitarem qualquer violência. A polícia também pediu aos manifestantes pacíficos a dissociarem-se dos mais radicais. "Por favor, cortem as ligações com desordeiros e criminosos e ajudem-nos a colocar Hong Kong no caminho certo", salientou Kwok Ka-chuen, alto responsável da polícia, à imprensa.

Mas a marcha já resultou em pelo menos 11 detenções e apreensão de armas, incluindo uma pistola, pouco antes de a manifestação ter começado. Numa entrevista coletiva na televisão, o superintendente do departamento de combate ao crime organizado, Li Kwai-wah, explicou, citado pela agência de notícias espanhola EFE, que a intenção dos detidos "era usar a pistola para criar o caos" durante o protesto. E isso podia incluir "disparar contra os nossos agentes ou responsabilizá-los por atos contra cidadãos inocentes", afirmou o superintendente.

É a primeira vez que uma arma de fogo é apreendida nos seis meses de protestos na cidade. Além da pistola semiautomática de nove milímetros, a polícia também apreendeu 105 balas, facas, sabres, cassetetes, gás pimenta e petardos.

O superintendente informou que os detidos são oito homens e três mulheres, entre os 20 e os 63 anos, e que todos fazem parte de um grupo com ligações a um outro, procurado pelo lançamento de 'cocktails molotov' contra a esquadra policial do distrito de Mong Kok, em 20 de outubro.

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