Merkel diz que terrorismo islâmico é a maior ameaça para a Alemanha
A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu hoje aos alemães para darem mostras de coesão e compromisso com os valores democráticos em face do terrorismo, depois do atentado da semana passada num mercado de Natal em Berlim. Na mensagem de Ano Novo, Merkel reconheceu que o terrorismo islâmico é a maior ameaça contra a Alemanha.
Merkel afirmou ser "amargo e revoltante" o ataque de Berlim ter sido perpetrado por um requerente de asilo, um tunisino imigrado na Alemanha que a 19 de dezembro entrou com um camião pelo mercado matando 12 pessoas.
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A chanceler defendeu no entanto a decisão que tomou em setembro de 2015 de acolher centenas de milhares de refugiados, na sua maioria de países árabes e muçulmanos.
"Quando vemos as imagens de Alepo bombardeada, temos de voltar a sublinhar como foi importante e certo ajudar os que precisavam da nossa proteção", disse, acrescentando que é com "humanidade e abertura" que se enfrenta o ódio.
"Ao retomarmos as nossas vidas e o nosso trabalho, dizemos aos terroristas: vocês são assassinos cheios de ódio, mas não vão definir como nós vamos viver e como queremos viver: livres, solidários e abertos", disse.
Merkel prometeu que em 2017 o governo vai "estabelecer prontamente todas as mudanças políticas ou legais necessárias" para colmatar quaisquer lacunas de segurança, como as que poderão ter facilitado o ataque de Berlim.
Mas frisou que não devem colocar-se determinados grupos de pessoas sob um manto de suspeita.
Sem se referir aos partidos e movimentos populistas, Merkel criticou os que apresentam um quadro "distorcido da democracia", assegurando que o sistema "é forte e permite a todos participar" e "aceita, não, exige contradição e críticas".
"Críticas que respeitam os indivíduos, que procuram soluções e compromissos e que não excluem grupos inteiros", disse, instando os políticos a não esquecerem estas orientações na pré-campanha e campanha para as eleições de 2017.
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A chanceler descreveu o ano de 2016 como um ano que deu a muitas pessoas a impressão de que o mundo tinha ficado "virado de cabeça para baixo", pedindo aos alemães que reneguem o populismo e lembrando que a Alemanha tem interesse em ter um papel de liderança para responder aos muitos desafios que enfrente a União Europeia.
"Muitos atribuem a 2016 a sensação de que o mundo ficou virado de cabeça para baixo ou que aquilo que há muito tempo é visto como uma conquista está agora a ser questionado. A União Europeia, por exemplo", afirmou.