Merkel apela à união no maior desafio "desde a Segunda Guerra Mundial"
A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu esta quarta-feira à população que leve o novo coronavírus a sério, num esforço conjunto de solidariedade, naquele que é o maior desafio desde a Segunda Guerra Mundial.
"Isto é sério e é preciso que levem isto a sério", lê-se no texto do discurso que será transmitido esta noite, nas televisões alemães, num gesto inédito por parte da líder do governo de Berlim, que só utiliza este método para divulgar a mensagem de ano novo.
"Não existe um desafio como este desde a reunificação alemã -- não, desde a Segunda Guerra Mundial -- que dependa tanto da nossa ação conjunta de solidariedade", sublinhou Angela Merkel.
A chanceler apelou à população para que cumpra as regras e as restrições impostas no país, frisando que tudo o que possa ser um risco deve ser reduzido ou mesmo evitado.
É preciso que não existam exceções, acrescentou, porque evitar a propagação do novo coronavírus "depende de todos". Merkel garantiu também às empresas que o governo tudo fará para minimizar o impacto económico da pandemia.
"Podemos e usaremos o que for preciso para ajudar os nossos empresários e os trabalhadores neste difícil teste", assegurou.
A líder do executivo alemão tentou também tranquilizar os cidadãos a respeito das preocupações com a escassez de alimentos, revelando que não vão faltar nos supermercados.
"Armazenar faz sentido, mas com moderação", indicou, "açambarcar como se não houvesse mais nada é insensato", descreveu.
Depois de várias reuniões, Angela Merkel anunciou na passada segunda-feira um novo pacote de medidas, que se juntam ao encerramento das escolas e jardins-de-infância de todo o país, pelo menos até 19 de abril.
"Estas são medidas que nunca tivemos neste país, que são graves, mas são necessárias nesta altura para reduzir o número de contactos e, portanto, o número de infeções", declarou na altura a chanceler alemã em conferência de imprensa.
O governo de Berlim quer que todos os bares, discotecas, cervejarias e pubs estejam de portas fechadas, assim como teatros, óperas, salas de concerto, museus, feiras, exposições, cinemas, parques de lazer e de animais.
"A regra é que as capacidades de acomodação na Alemanha só podem ser usadas para estadias noturnas necessárias e não para fins turísticos", acrescentou Merkel aos jornalistas, adiantando que os restaurantes do país só podem estar abertos até às 6 da tarde e respeitando o espaço de 1,5 metro entre cada mesa.
De acordo com os dados oficiais fornecidos pelo Instituto Robert Koch, entidade responsável pela prevenção e controlo de doenças, há 8,198 casos de Covid-19 na Alemanha e 12 mortes registadas.