Madrid pode ultrapassar a Lombardia como o pior foco do coronavírus
Madrid é a cidade do mundo onde o novo coronavírus está a progredir mais rapidamente, com o número de mortes na capital espanhola a representar 55 por cento do total de mortes por covid-19 no país. As previsões apontam para que se a curva não começar a baixar, a cidade poderá superar o cenário negro da Lombardia, em Itália, ou Wuhan, na China.
De acordo com o Financial Times, em muitos dos países afetados pela doença, foi uma pequena região - ou um pequeno número de regiões - quem mais sofreu o embate do novo coronavírus. Os casos na Lombardia superaram os da cidade chinesa de Wuhan, local que terá sido o epicentro do surto.
Espanha registou, nas últimas 24 horas, 514 mortos com o novo coronavírus e um aumento de 6.584 no número de infetados, de acordo com a atualização diária feita pelas autoridades de saúde do país.
A região mais atingida pela covid-19 é a de Madrid, com 12.352 infetados e 1.535 mortos, seguida pela da Catalunha (7.864 e 282), a do País Basco (2.728 e 133) e a de Castela-Mancha (2.465 e 216).
Espanha tem ainda 2636 pessoas nos cuidados intensivos e 3794 doentes já tiveram alta, segundo o último balanço oficial. O número de infetados chega aos 39 763, o que significa mais seis mil do que na véspera.
A subida no número de mortes levou a que a câmara municipal de Madrid começasse, gradualmente, a limitar as cremações nos dois crematórios da autarquia, devido à saturação atual das instalações, com atrasos de dois a três dias.
A funerária municipal vai passar a limitar as cremações realizadas pela empresa e por outras fúnebres, segundo fontes do executivo municipal, citadas pela agência espanhola Efe.
Para isso, irá informar "ainda mais as famílias sobre a possibilidade de enterro", dando sempre todas as opções disponíveis, visto que a sobrecarga do serviço não está a acontecer no caso de enterros, que ainda são "atendidos quase diariamente, sem demora", disseram à Efe as mesmas fontes.
A funerária municipal faz agora cerca de uma centena de serviços por dia, enquanto "o serviço médio diário nos 15 anos anteriores foi pouco mais de 50".
Entretanto, a pista de patinagem sobre gelo situada no conhecido centro comercial Palácio do Gelo, em Madrid, vai começar a ser utilizada, "nas próximas horas", como morgue para armazenar os corpos de pessoas que morreram do novo coronavírus.
A solução foi encontrada devido à saturação das casas funerárias, que as impede de enterrar os mortos dentro dos prazos estabelecidos em Madrid, a região mais atingida pela covid-19.
De acordo com o novo balanço divulgado às 11:00 desta terça-feira e realizado pela AFP, o novo coronavírus matou 16.961 pessoas em todo o mundo desde que surgiu em dezembro.
Foram registados mais de 386.350 casos de infeção em mais de 175 países e territórios desde o início da epidemia.
Itália, que registou a primeira morte ligada ao novo coronavírus no final de fevereiro, tem 6.077 mortes em 63.927 casos. 7.432 pessoas foram consideradas curadas pelas autoridades italianas.
A China (sem os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia começou no final de dezembro, contabilizou um total de 81.171 casos (78 novos entre segunda-feira e hoje), incluindo 3.277 mortes (sete novas) e 73.159 curados.
Os países mais afetados depois de Itália e da China são Espanha, com 2.696 mortes para 39.673 casos, o Irão com 1.934 mortes (24.811 casos), França com 860 mortes (19.856 casos) e Estados Unidos com 499 mortos (46.440 casos).
Desde as 19:00 de segunda-feira, a Islândia e o Montenegro anunciaram as primeiras mortes ligadas ao vírus e Birmânia anunciou o diagnóstico dos primeiros casos.
Na Europa foram registados até às 11:00 desta terça-feira 199.779 casos (10.724 mortes), na Ásia 98.748 casos (3.570 mortes), nos Estados Unidos e Canadá 48.519 casos (523 mortes), no Médio Oriente 29.087 casos (1.966 mortes), América Latina e Caraíbas 6.217 casos (112 mortes), na Oceânia 2.225 casos (nove mortes) e África 1.778 casos (57 mortes).