Macron tem "dores de cabeça" e "cansaço significativo"
O presidente francês, Emmanuel Macron, reconheceu esta sexta-feira que teve de abrandar devido aos sintomas da covid-19, mas insistiu que está bem e continua ativamente envolvido nos trabalhos governamentais "prioritários", incluindo o Brexit.
Em isolamento, Macron está a trabalhar numa residência oficial fora de Paris depois de ter testado positivo para a covid-19 na quinta-feira, o que causou alarme em toda a Europa.
"Estou bem. Tenho os mesmos sintomas de ontem: cansaço, dores de cabeça e tosse seca. Como centenas de milhares de vocês", disse Macron num vídeo partilhado na sua conta no Twitter.
"A minha atividade está um pouco desacelerada por causa do vírus. Mas continuo a tratar de questões prioritárias como a epidemia ou, por exemplo, o Brexit", disse.
Gabriel Attgal, porta-voz do governo francês, afirmou à BFM TV que Macron "tem sintomas reais, tosse e cansaço significativo".
Na noite de quinta-feira, Macron deixou o Palácio do Eliseu, em Paris, para a residência presidencial de La Lanterne, em Versalhes, fora da cidade, disse um oficial da presidência.
A mulher, Brigitte, cujo teste deu negativo, irá permanecer no Palácio do Eliseu.
O chefe de Estado francês disse que "estará de volta em breve" e acrescentou que "não há razão para acreditar que isto irá evoluir mal", acrescentando que está sob supervisão médica.
A infeção de Macron pelo novo coronavírus acontece num momento chave das negociações entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) para chegar a um acordo comercial pós-Brexit.
O anúncio de que Macron estava infetado com o vírus responsável pela covid-19 mudou as agendas políticas em França e em toda a Europa, com líderes da UE e autoridades francesas com quem o presidente francês esteve nos últimos dias a cancelar eventos e a iniciarem o isolamento profilático,.
Não é claro onde é que Macron poderá ter ficado infetado, mas fontes presidenciais afirmaram que pode ter contraído o vírus durante uma cimeira europeia realizada em Bruxelas, no final da semana passada, onde os líderes europeus estiveram reunidos durante 20 horas.
A preocupação de possíveis contágios aumenta com o primeiro-ministro eslovaco, Igor Matovic, a anunciar esta sexta-feira que testou positivo para a covid-19.
"Hoje, sou um de vocês", escreveu Matovic, 47, na sua página do Facebook, onde partilhou a mensagem de texto com os resultados do teste.
Na segunda-feira, Macron discursou numa conferência em Paris organizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com a presença do presidente do Conselho Europeu Charles Michel e do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, que agora estão em isolamento.
Já na quarta-feira participou num jantar no Eliseu - que não estava na agenda oficial -, com uma dúzia de aliados políticos, incluindo o primeiro-ministro francês Jean Castex. Antes tinha almoçado com o chefe do Governo português, António Costa, que está em isolamento (até 24 de dezembro), apesar de ter testado negativo, na quinta-feira de manhã, tal como o seu homólogo espanhol.
Foram levantadas dúvidas sobre o referido jantar, uma vez que o número de pessoas sentadas à mesa ultrapassou o máximo de seis recomendado pelo governo. As autoridades insistiram que a mesa era grande o o suficiente para garantir o distanciamento social adequado.
A infeção de Macron também sublinhou os perigos contínuos da covid-19 em França com a aproximação do Natal, tendo sido registados mais de 18 mil novos casos positivos na quinta-feira.
"Tenho uma mensagem para todos. Continuem a cuidarem-se. O vírus pode atingir qualquer pessoa. Fui bem protegido e muito cuidadoso", afirmou na mensagem.
"Apesar de tudo, apanhei o vírus. Talvez tenha sido um momento de descuido ou talvez de azar", disse.
Comentadores e políticos elogiaram o Eliseu por comunicar rapidamente o resultado do teste de Macron, divulgado na manhã de quinta-feira.
Mas pediram total transparência sobre o seu estado de saúde, com nenhum do secretismo que foi muitas vezes verificado quando os seus antecessores François Mitterrand e Jacques Chirac tiveram problemas de saúde durante o tempo em que estavam em funções.