Lisa Montgomery será a primeira mulher executada numa prisão federal em 67 anos

O Departamento de Justiça norte-americano anunciou mais duas execuções para 8 e 10 de dezembro: Lisa Montgomery e Brandon Bernard.
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Vai ser a primeira execução de uma presa federal feminina, nos EUA, em 67 anos. Lisa Montgomery, que estrangulou uma mulher grávida no Missouri em 2004 para depois a abrir e roubar o seu bebé, vai morrer por injeção letal na prisão de Terre Haute, Indiana, a 8 de dezembro.

Segundo o Centro de Informações sobre Pena de Morte, a última vez que uma mulher foi executada pelo governo dos EUA foi em 1953: Bonnie Brown Heady morreu na câmara de gás, condenada por ter sequestrado e assassinado, juntamente com o namorado, o filho de seis anos de um magnata da indústria automóvel.

O procurador-geral, William Barr, anunciou a decisão de prosseguir com a execução de Montgomery, de 52 anos, através de um comunicado em que também anunciou a data de execução de 10 de dezembro para Brandon Bernard, de 40 anos, que juntamente com dois cúmplices foi considerado culpado do assassínio de dois pastores da igreja no Texas em 1999.

Barr disse que estes crimes são "especialmente hediondos".

Lisa Montgomery conheceu Bobbie Jo Stineett num chat room. Em dezembro de 2004, Lisa saiu do Kansas e foi até à casa de Bobbie Jo Stinnett, no Missouri, supostamente para comprar um cachorro. "Uma vez dentro da residência, Montgomery atacou e estrangulou Stinnett até que a vítima perdesse a consciência", lê-se no comunicado do Departamento de Justiça.

"Usando uma faca de cozinha, Montgomery cortou o abdómen de Stinnett", que estava grávida de oito meses. Ela recuperou a consciência e lutou. Montgomery estrangulou Stinnett com uma corda até à morte. Então, retirou a bebé do corpo de Stinnett, levou-a consigo, dizendo que era sua filha.

O marido, Kevin Montgomery, disse que não fazia ideia que a bebé não era deles, uma vez que nos meses anteriores Lisa fingiu que estava grávida.

Em 2007, um júri considerou Montgomery culpada de sequestro e assassínio e recomendou por unanimidade a sentença de morte.

Os advogados de Montgomery alegam que ela tem problemas mentais, motivados por espancamento quando era criança, e que sofre de psicose e outras doenças, pelo que não deve ser condenada à morte. "Nas garras da doença mental, Lisa cometeu um crime terrível", disse Kelley Henry, promotor público em Nashville, Tennessee, em comunicado. "No entanto, ela imediatamente expressou profundo remorso e estava disposta a declarar-se culpada em troca de uma sentença de prisão perpétua sem possibilidade de libertação. Lisa Montgomery há muito aceitou a responsabilidade total pelo seu crime e nunca sairá da prisão. Mas a sua doença mental grave e os impactos devastadores do seu trauma de infância tornam a execução uma injustiça profunda."

A filha de Stinnett, Victoria Jo, tem atualmente 16 anos.

Montgomery é a única mulher entre os 55 presos federais que aguardam execução, de acordo com o Centro de Informações sobre Pena de Morte.

No sistema de justiça dos Estados Unidos, os crimes podem ser julgados em tribunais federais, de âmbito nacional, ou em tribunais estaduais, de âmbito regional regional.

A pena de morte foi proibida por uma decisão do Supremo Tribunal de 1972. Depois, uma decisão de 1976 permitiu aos estados restabelecer a pena de morte e, em 1988, o governo aprovou uma legislação que a tornou possível novamente a nível federal. De acordo com dados reunidos pelo Centro de Informações sobre Pena de Morte, 78 pessoas foram condenadas à morte em processos federais entre 1988 e 2018, mas apenas três foram executadas.

Esse número aumentou durante a Administração de Trump. As execuções de Montgomery e Bernard serão a oitava e a nona que o governo federal realiza este ano.

Nas prisões estaduais, 16 mulheres foram executadas desde 1976. A mais recente foi em setembro de 2015, quando Kelly Renee Gissendaner morreu por injeção letal na Geórgia pelo assassínio do seu marido em 1997.

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