Juiz que ordenou libertação de Lula sofreu ameaças
Em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, o juiz Rogério Favreto explicou os motivos pelos quais decidiu pela libertação de Lula da Silva e que rapidamente começou a ser vítima de ameaças.
"Há uma divulgação indevida nas redes sociais do meu número de telefone. Estão mandando mensagens agressivas. Já houve várias ameaças. Não consigo nem ligar o meu número de telefone", queixou-se na entrevista, para logo a seguir dizer que estava a tomar "providências".
O desembargador do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) justificou por que deu provimento ao pedido de habeas corpus ao antigo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
"Eu decidi perante um facto novo, que é a condição de pré-candidatura presidencial", disse Favreto, em resposta ao pedido efetuado por três deputados federais, de que Lula precisaria de liberdade para poder participar em reuniões políticas e em entrevistas. "Uma flagrante quebra de igualdade e isonomia", alegou o desembargador que estava de plantão no tribunal.
"Os direitos políticos não são suspensos, somente depois de trânsito em julgado", afirmou ainda.
O juiz foi militante do Partido dos Trabalhadores de Lula durante 20 anos, até 2010. Favreto foi também secretário secretário nacional da reforma judicial, no Ministério da Justiça, entre 2007 e 2010.
A decisão de Favreto, no entanto, não foi acatada, num pingue-pongue com o juiz Sergio Moro, que lidera a investigação Lava-Jato, e com o relator do caso no TRF-4, o juiz desembargador João Pedro Gebran Neto. Este revogou a ordem para Lula da Silva ser libertado.