Irão terá ultrapassado limites de urânio enriquecido
Agência Internacional de Energia Atómica esteve no país para confirmar se estava a cumprir o acordo de 2015. Terá chegado à conclusão que não.
O Irão terá violado o limite de 300 quilos de urânio enriquecido que está autorizado a manter no âmbito do acordo nuclear assinado em 2015 com os EUA, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia. A informação foi divulgada pela BBC que garante que a agência iraniana Fars noticiou que a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) analisou a quantidade que o país tem armazenado e chegou a essa conclusão.
Em maio, o Irão quadruplicou a produção deste material, que é usado para produzir combustível para reatores nucleares - e potencialmente armas nucleares. Foi esta a resposta dos responsáveis iranianos às sanções impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Entretanto, vários países europeus já avisaram o país liderado que qualquer violação do acordo teria consequências.
Se esta violação for confirmada pela AIEA, o acordo permite que sejam impostas as sanções multilaterais que foram levantadas quando o Irão decidiu limitar as suas atividades nucleares.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Esta decisão iraniana surge num momento de grande tensão no Médio Oriente - que já levou ao abate de um drone norte-americano que o país acusou de estar no seu espaço aéreo - e à aprovação de mais sanções dos EUA contra o Irão ao mesmo tempo que o acusava de apoiar o ataque a dois petroleiros que navegavam no Estreito de Ormuz.
As sanções negam ao aiatola Ali Khamenei e ao ministro dos Negócios Estrangeiros Mohammad Javad Zarif, entre outros altos militares, o acesso a recursos financeiros e a quaisquer ativos sob jurisdição norte-americana.
O Irão tem negado a intenção de construir armas nucleares, mas esta posição não tem convencido a comunidade internacional. Em maio, depois de os Estados Unidos terem aplicado sanções aos países que importam petróleo iraniano, o presidente Hassan Rouhani anunciou que o país iria deixar de cumprir o limite de 300 kg de urânio enriquecido.
O urânio enriquecido é muito utilizado para investigação médica e produção de eletricidade. Mas se for altamente purificado pode ser usado para construir uma bomba nuclear. Sob o acordo nuclear, o Irão só tem permissão (até 2031) para produzir urânio de baixo enriquecimento, com uma concentração de 3-4% do isótopo mais físsil, o U-235, e pode alimentar uma central de energia. O urânio com capacidade para produzir armas é enriquecido a 90% ou mais.