Maduro disponível para reunir-se "com esse rapaz"
"Estou comprometido com o diálogo nacional. Hoje, amanhã e sempre será comprometido e pronto para ir onde haja que ir. Eu, pessoalmente. Se eu tiver que ir encontrar-me com esse rapaz (...) eu vou", disse.
Nicolás Maduro falava numa conferência de imprensa no palácio presidencial de Miraflores, durante a qual se referiu ao líder opositor como "uma marioneta" ao serviço dos Estados Unidos e insistiu que a Venezuela está a enfrentar e a desarticular um golpe de Estado dirigido pelos Estados Unidos e seus aliados internacionais.
"Há um golpe de Estado mediático contra a Venezuela, uma grande campanha de desinformação e manipulação contra a revolução bolivariana, muito parecido ao acontecido em 2002", salientou, aludindo às manifestações registadas naquele ano na Venezuela nos dias 11, 12 e 13 de abril, pró e contra o regime.
Estas manifestações culminaram num golpe de Estado que afastou temporariamente o falecido líder socialista Hugo Chavez da Presidência, cargo que ocupou entre 1999 e 2013.
"Estou comprometido com o diálogo nacional. Se tiver que reunir-se com esse rapaz, com boné e capuz, no Hotel Humbold (cimo da montanha Waraira Repana, entre Caracas e o Atlântico) às 03:00 da manhã, fá-lo-ei, onde for e como ele quiser, com capuz ou sem roupa", acentuou.
Por outro lado, frisou que a autoproclamação de Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela foi uma violação constitucional, porque "não o fez perante um organismo ou uma instituição decente" mas numa praça pública.
Nicolás Maduro acusou a oposição de promover violência no país e pediu hoje às autoridades que os cidadãos envolvidos em atos de vandalismo sejam condenados a 20 anos de prisão.
"Já há presos que vão ser julgados e pedi ao procurador-geral (Tareck William Saab) que seja muito cuidadoso na aplicação da máxima pena de 20 anos de prisão a quem for capturado na rua, incendiando, assaltando e fazendo atos de vandalismo, que são pagos em dólares", disse.
Durante a conferência de imprensa no palácio presidencial de Miraflores, o Presidente da Venezuela acusou a "direita" venezuelana de promover violência no país e insistiu que os detidos vão ser julgados para que paguem pelas suas ações.
"Vamos persegui-los, com a colaboração dos vizinhos, e metê-los na cadeia, para garantir a paz", disse, sublinhando que a paz tem que triunfar perante a violência".
O líder venezuelano aproveitou ainda para voltar a atacar outros países, como a Espanha e os EUA. Sobre os espanhóis, cujo ministro dos negócios estrangeiros Josep Borrell defendeu a realização de eleições imediatas na Venezuela, Maduro disse que "se querem eleições que as façam lá em Espanha", apontando que Pedro Sanchez não foi eleito primeiro-ministro pelo voto popular. "Não nos dão lições. Estamos fartos do seu racismo e da sua discriminação".
Maduro referiu-se ainda à decisão de suspender relações políticas e diplomáticas com os EUA e de ter dado 72 horas para que todo o pessoal norte-americano deixasse Caracas.
"Nós temos cumprido com os acordos internacionais. Eles já procederam a retirar parte do seu pessoal. Esperamos as 72 horas, eles devem cumprir plenamente", frisou.