O acordo de não proliferação nuclear entre os Estados Unidos e a Rússia - um mais importantes símbolos do fim da Guerra Fria - pode ter os dias contados. Em declarações aos jornalistas neste sábado, após ter participado num comício no Estado do Nevada, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a intenção de "sair" do acordo. Em causa está o desenvolvimento pela Rússia de um novo míssil de cruzeiro.."A Rússia violou o acordo", acusou. "Eles têm vindo a violá-lo há muitos anos e não sei porque o Presidente Obama não negociou [com eles] ou decidiu sair", disse, em declarações citadas pelo jornal britânico The Guardian .."Nós não vamos deixá-los violar um acordo [de não proliferação] nuclear e construir armas e nós não sermos autorizados a fazê-lo", avisou. "Nós somos aqueles que ficaram no acordo e que o honraram mas a Rússia não o fez, infelizmente, por isso vamos terminá-lo. Vamos sair", confirmou. "Vamos ter de construí-las", disse ainda, perante as perguntas dos jornalistas sobre um eventual regresso ao armamento pelo país..O primeiro acordo sobre armas nucleares de alcance intermédio (INF) foi assinado em 1987 entre os então presidentes dos dois países Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov. Em 2010 foi assinado o acordo New Start, que deveria vigorar até 2021..Estados Unidos já tinham ameaçado destruir novo míssil russo.O Presidente norte-americano já vinha manifestando há algum tempo insatisfação com o que considerava o incumprimento russo do acordo, e a possibilidade de ser anunciado o fim do entendimento histórico começou a ser avançada ontem, principalmente depois de John Bolton, o conselheiro de Trump para questões de Segurança Nacional, ter anunciado no twitter que estaria na Rússia este sábado para encontros com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, e o secretário do Conselho de Segurança daquele país, Nikolai Patrushev..De acordo com vários órgãos de comunicação internacionais, Bolton, o terceiro conselheiro nacional de Segurança da era Trump, tem vindo a insistir com o presidente para que este dê este passo. Sobretudo desde que os Estados Unidos confirmaram que a Rússia estaria a produzir um novo míssil de cruzeiro..No início do mês, Kay Bailey Hutchison, embaixadora norte-americana na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), já deixara um aviso direto à Rússia, garantindo que se esta não suspendesse o desenvolvimento do míssil os Estados Unidos iriam tomar medidas de retaliação, nomeadamente "a eliminação" desse armamento.