Mundo
17 agosto 2019 às 00h45

Pilotos que aterraram avião em campo de milho saudados como heróis

Os pilotos russos Damir Yusupov e Georgi Murzin estão a ser proclamados heróis depois de terem aterrado um avião num campo de milho esta quinta-feira, sem causar danos graves às 233 pessoas a bordo.

DN

O A321 da Ural Airlines tinha descolado do Aeroporto de Zhukovsky, em Moscovo, e seguia para Simferopol, na Crimeia, com 226 passageiros e sete tripulantes a bordo.

Passados poucos minutos da descolagem, o avião foi atingido por um bando de pássaros, que, sugado pelos motores, fez com que estes se desligassem repentinamente.

Quando o primeiro motor do avião de 77 toneladas se desligou, o piloto Damir Yusupov pensou que ainda teria tempo de voltar ao aeroporto.

"Quando vimos que o segundo também estava a perder força, apesar de todos os nossos esforços, o avião começou a perder altitude", disse Yusupov. "Mudei de ideias várias vezes, porque estava a planear ganhar altitude. Planeava atingir uma certa altitude, manter o avião, e descobrir a falha do motor, tomar a decisão correta e resolver tudo. Mas não houve tempo para isso", acrescentou o piloto.

O capitão Yusupov e o seu copiloto, Georgi Murzin, conseguiram parar o abastecimento de combustível para os motores, manter a altitude - de 243 metros - do avião e aterrar num campo de milho sem baixar o trem de aterragem, evitando o risco de que os detritos voadores rompessem os tanques de combustível do avião.

Os pilotos russos, que conseguiram pousar o avião da Airbus sem causar nenhum ferimento grave às 233 pessoas a bordo, estão a ser proclamados heróis pelo país.

"Não me sinto nenhum herói. Fiz o que tinha a fazer, salvei o avião, os passageiros, a tripulação", contou Yusupov.

Yuri Sytnik, um dos pilotos mais experientes da Rússia, disse ao jornal Komsomolskaya Pravda que "a equipa fez tudo de acordo com as regras: desligou os motores... desceu o avião de forma suave, aterrou primeiro com a cauda, matou a velocidade - esta é uma etapa mais complicada: não se mergulha o nariz, não se deixa um motor bater no chão".

Os passageiros foram retirados através de escorregas e orientados a sair do avião rapidamente.

Setenta passageiros receberam cuidados médicos, dada a dificuldade de sair do avião no campo de milho, mas apenas uma mulher precisou de ficar no hospital.

Os russos estão a comparar o incidente com o "Milagre do Rio Hudson", de 2009, onde um bando de pássaros também esteve na origem do acidente em Nova Iorque, que obrigou o piloto Chelsey Sullenberger a aterrar o avião nas águas do rio. O acidente retratado no filme "Sully: Milagre do Rio Hudson" registou apenas 25 feridos ligeiros.