Macron insurge-se contra os coletes amarelos: "Não aceito a violência"
"Os responsáveis por essa violência querem o caos, traem as causas que afirmam servir. Vão ser identificados e responsabilizados pelas suas ações na justiça... Eu respeitarei sempre as contestações e a oposição, mas nunca aceitarei a violência", afirmou Emmanuel Macron em Buenos Aires, onde se encontra na cimeira do G20.
O chefe de Estado francês regressa no domingo e quando chegar a Paris vai presidir a uma reunião sobre a jornada de violência que assolou Paris com responsáveis governamentais. Para participar nesse encontro, o primeiro-ministro Edouard Philippe teve de anular a sua participação na cimeira do clima, COP24, na Polónia.
O ministro do Interior, Christophe Castaner, disse que a violência não foi perpetrada pelos coletes amarelos, mas por "profissionais da desordem". "Não são coletes amarelos, são pessoas que vieram para partir, saquear, ferir e até matar (...) Estão camufladas em coletes amarelos", disse à TF1, após a polícia ter, por fim, imposto a ordem na praça da Estrela e no Arco do Triunfo.
O ministro disse ainda que as pessoas que foram manifestar-se de forma pacífica devem afastar-se de quem optou pela violência. Por outro lado, também apontou o dedo aos líderes do movimento. "Aqueles que vos encorajaram a ir aos Campos Elísios também devem assumir as suas responsabilidades."
A ministra da Saúde, Agnès Buzyn, disse que a violência "desacredita um combate legítimo expressa por muitos coletes amarelos".
O centro de Paris esteve a ferro e fogo desde a manhã, com os manifestantes a forçarem as barreiras policiais e as forças de segurança a reprimirem com gás lacrimogéneo e balas de borracha.
Os manifestantes concentraram-se então na praça da Estrela e envolveram-se numa batalha com a polícia. Mais tarde, a violência degenerou para outras artérias, como as praças da Bastilha e Saint-Augustin, a boulevard Haussmann, ou nas Tulherias, onde o museu Jeu de Paume foi atacado. Também o palácio Brogniart, ou da Bolsa, foi atacado.
Estabelecimentos comerciais foram saqueados e bancos e outros edifícios vandalizados. Um número indeterminado de veículos foi destruído ou queimado - alguns dos quais da polícia.
A autarca de Paris, a socialista Anne Hidalgo, manifestou uma "profunda indignação e uma grande tristeza pela violência no coração de Paris".
As autoridades estimam que as manifestações dos coletes amarelos juntaram em várias cidades de França cerca de 75 mil pessoas. O número de pessoas mobilizadas diminui em cada jornada e a violência aumenta. Na primeira manifestação, de 17 de novembro, as autoridades contabilizaram 280 mil pessoas; e na semana passada 106 mil. No sábado passado 24 pessoas ficaram feridas e 103 foram detidas.
Neste sábado, não foi só na capital que se registaram cenas de violência. No centro de Saint-Etienne o cenário foi análogo ao de Paris, mas em ponto mais pequeno, com a polícia a usar gás lacrimogéneo e a prender cinco indivíduos. Também em pequenas localidades houve incidentes. A prefeitura de Haute-Loire, na vila de Le Puy-en-Velay, foi incendiada por cocktails molotov. Em Charleville-Mézières, nas Ardenas, os manifestantes atiraram bolas de petanca aos polícias.