F-16 portugueses que participam atualmente na missão de policiamento do espaço aéreo dos Bálticos no quadro da NATO assegurarão o lugar dos espanhóis em caso de necessidade depois de, na passada terça-feira, um Eurofighter da Força Aérea espanhola ter disparado por engano um míssil ar-ar de fabrico norte-americano. O incidente ocorreu numa zona reservada da Estónia, a cerca de 100 km da fronteira com a Rússia, tendo o Ministério da Defesa espanhol aberto uma investigação ao sucedido e o primeiro-ministro estónio, Jüri Ratas, pedido explicações à Aliança Atlântica..A paragem temporária dos caça espanhóis foi avançada esta quarta-feira à noite por fontes da Aliança Atlântica ao jornal espanhol El País. Em declarações citadas pelo jornal estónio Postimees, o ministro da Defesa da Estónia, Jüri Liuk, disse que "até que a situação fique esclarecida, os caças espanhóis da missão de policiamento aéreo foram retirados do estado de prontidão e a missão prosseguirá com a unidade principal portuguesa". Liuk, segundo a mesma fonte, considerou o incidente como "extremamente raro e lamentável"..Portugal é o país que está atualmente no comando da Baltic Air Policing, com um mandato que começou em maio e termina a 31 de agosto, confirmou esta quinta-feira ao DN o porta-voz da Força Aérea Portuguesa o tenente-coronel Manuel Costa.."Transmiti a Jens Stoltenberg que é um incidente grave e que estamos logicamente preocupados", afirmou na quarta-feira em comunicado Jüri Ratas, após uma conversa telefónica com o secretário-geral da NATO. Durante o contacto com Stoltenberg, o chefe do governo estónio lembrou que "felizmente ninguém ficou ferido" e pediu que as circunstâncias deste incidente sejam "esclarecidas sem demora". Ratas prosseguiu que "a missão da NATO contribui de forma importante na segurança da Estónia e de toda a Aliança [Atlântica]", referindo ainda ter tido garantidas por parte do secretário-geral da organização de que todos os aliados envolvidos nas manobras vão investigar o que aconteceu..O disparo do caça espanhol ocorreu ao início da tarde de terça-feira durante um exercício em que também participavam Mirage franceses. Após o incidente, que não alcançou outras aeronaves nem provocou outros danos, os aviões, dois espanhóis e dois franceses, regressaram à base de Siauliai, na Lituânia, outra república báltica de onde tinham descolado inicialmente. As Forças Armadas estónias dizem que o míssil, com 25 Kg de carga explosiva e 100 km de alcance, tem um mecanismo que assegura a sua destruição no ar, mas mesmo assim não descartam que possa ter caído em terra e iniciaram, por isso, uma operação de busca pelo projétil..A Força Aérea espanhola participa nesta missão da NATO de controlo do espaço aéreo dos países do Báltico, uma vez que estes carecem de aviões de combate e são incapazes de dissuadir eventuais incursões aéreas russas na região. A tensão entre os países da NATO e a Rússia têm vido a aumentar, nomeadamente desde a guerra na Ucrânia, tendo o primeiro-ministro russo avisado na terça-feira para possíveis consequências de uma adesão da Geórgia à Aliança Atlântica."Existe um conflito territorial por resolver... e esse país seria integrado numa aliança militar?", interrogou-se Dmitri Medvedev, em entrevista ao jornal russo Kommersant. E frisou: "Compreendem as possíveis implicações? Poderia originar um conflito horrível"..A Baltic Air Policing foi criada pela NATO em 2004 para monitorização do espaço aéreo da Estónia, Letónia e Lituânia. Portugal participa nela atualmente com quatro aeronaves F-16M e 90 militares, segundo comunicado no site do Estado Maior da Força Aérea, de quarta-feira dia 8. De acordo com o mesmo, no dia 2 deste mês partiu da Base Aérea N.º 5, em Monte Real, o último contingente de militares da Força Aérea Portuguesa para a Lituânia, no âmbito da Baltic Air Policing 2018 e também da Assurance Measures 2018. Nesta última, refere, participam uma aeronave P-3c CUO+ da Esquadra 601 Lobos e 30 militares..O comandante dos destacamentos portugueses e representante máximo de todas as forças militares portuguesas na Estónia passou a ser o tenente-coronel Nuno Monteiro da Silva, refere o mesmo comunicado do EMFA, dadato deste dia 8. Um outro comunicado publicado a 2 de maio no site do Comando Aéreo da NATO, com base em Ramestein, na Alemanha, lembra que esta é a quarta participação de Portugal na Baltic Air Policing, depois das que o país, membro fundador da Aliança Atlântica, teve em 2007, 2014 e 2016.