O governo de Jair Bolsonaro teve esta quinta-feira a primeira reunião ministerial e entre as várias decisões tomadas destaca-se a revisão de toda a estrutura da administração pública, o que inclui a demissão dos funcionários que defendem ideias "comunistas", segundo informou o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni..De acordo com Lorenzoni, o país já teve no Governo pessoas com ideias socialistas e comunistas nos últimos 30 anos, as quais "nos levaram ao atual caos"..O ministro brasileiro anunciou desde logo a demissão de 300 funcionários com contratos temporários de trabalho no executivo, alegando que "não faz sentido ter um Governo como o que temos agora, formado por pessoas que defendem outras ideias ou outra forma de organização da sociedade"..Lorenzoni destacou ainda que os "critérios" para decidir sobre a situação dos funcionários também serão "técnicos" e que ainda irão definir se os cargos dos funcionários demitidos serão preenchidos novamente ou se serão extintos..Salário mínimo sobe... em baixa.O Diário Oficial da União oficializou as primeiras medidas do executivo presidido por Jair Bolsonaro. O salário mínimo passou para 998 reais (cerca de 225 euros), um aumento de 4,61% em relação ao ano passado, mas abaixo dos 1006 reais que o governo de Michel Temer havia previsto. Esta revisão em baixa deve-se a uma nova previsão de que a inflação seja menor que a inicialmente apontada, 4,2%..Terras indígenas ameaçadas.Uma medida controversa foi a transferência de poderes sobre a delimitação e demarcação de terras ocupadas por indígenas da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Esta pasta é dirigida por Tereza Cristina da Costa, que foi a líder da chamada bancada ruralista na Câmara e era a representante do lobby agrário. A nova ministra é conhecida como "musa do veneno" por defender a utilização de pesticidas..A Funai, criada em 1967 com o objetivo de proteger os povos indígenas, e antes sob a tutela do Ministério da Justiça passa para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, esvaziada de poderes..ONG sob controlo.Bolsonaro deu à Secretaria do Governo uma nova função, a de supervisionar e monitorizar a atividade das organizações não-governamentais. Essa medida está relacionada com a nova relação com os povos indígenas. "Mais de 15% do território nacional é demarcado como terra indígena e quilombolas [afrodescendentes que fugiram da escravatura]. Menos de um milhão de pessoas vivem nestes lugares isolados do Brasil de verdade, exploradas e manipuladas por ONG. Vamos juntos integrar estes cidadãos e valorizar a todos os brasileiros", escreveu o novo presidente no Twitter..Existem cerca de 400 mil ONG no Brasil, das quais 70% sem financiamento público. O diretor da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), Mauri Cruz, disse à BBC Brasil que pondera recorrer ao Supremo Tribunal Federal, caso os esclarecimentos que esperam obter junto da Secretaria de Governo confirmem as piores suspeitas - a de que as atividades das ONG possam vir a ser objeto de intervenção..Abertura do Itamaraty.Entre as mudanças na estrutura do governo, destaque para a abertura dos lugares de chefia do Palácio Itamaraty, a sede do Ministério das Relações Exteriores, a não diplomatas. O "serviço exterior brasileiro", antes reservado ao corpo de servidores "organizados em carreiras definidas e hierarquizadas", deixa de ser exclusivo dos diplomatas: há agora a possibilidade de nomeação de outras pessoas para "cargos em comissão e funções de chefia".. Com Lusa