Cunhado do rei de Espanha entrou na prisão
Passavam dez minutos das 08.00 em Espanha, menos uma hora em Portugal Continental, quando Iñaki Urdangarín entrou na prisão Brieva, em Ávila, para cumprir a pena de 5 anos e 10 meses a que foi condenado pelo caso Noos, por desvio de fundos, prevaricação, fraude à Administração Pública, delitos fiscais e tráfico de influências.
O Tribunal Supremo ratificou na semana passada a sentença, ainda que tenha baixado cinco meses o tempo sem liberdade. A Audiencia Provincial de Baleares, onde o caso foi julgado, tinha condenado o cunhado do rei a seis anos e três meses em prisão.O marido da infanta Cristina chegou este domingo a Madrid, vindo de Genebra, a cidade suíça onde a família vivia desde que o caso se tornou público, segundo a cadeia de televisão RAC1.
Numa prisão de mulheres
Brieva, uma das 82 prisões que o ex-jogador de andebol podia escolher para cumprir a pena, é um estabelecimento prisional de mulheres com uma ala especial para albergar homens, que estava em desuso. Fica a sete quilómetros de Ávila e pouco mais de 100 de Madrid, e tem 162 celas (mais 18 complementares). Luis Roldan, destacado político do PSOE condenado por fraude fiscal, cumpriu aqui pena entre 1995 e 2005.
O recluso passará os trâmites habituais quando se ingressa na prisão: reconhecimento médico e uma entrevista de avaliação com psicólogos. Deverá passar a primeira noite no módulo de ingresso antes de passar à sua cela. Segundo o El Pais, Iñaki Urdangarín recebe um dossier de 36 páginas com o regulamento do estabelecimento prisional e pode fazer 10 chamadas telefónicas por semana, de cinco minutos cada.
Uma vez cumprido um quarto da pena, isto é, 17 meses, o ex-duque de Palma poderá pedir liberdade condicional, explica o diário La Vanguardia.
Diego Torres, sócio de Urdangarín no Instituto Noos também condenado, também fará hoje a admissão à prisão de Can Brians 2.
Uma vez ratificadas as sentenças, os condenados tinham cinco dias para se apresentarem na prisão.
Casa Real em silêncio
A Casa Real de Espanha não se pronunciou até ao momento sobre a sentença ou a entrada em prisão de Iñaki Urdangarín.
Na terça-feira, 12, dia em que foi conhecida a decisão do Supremo Tribunal, Felipe VI e Letizia compareceram a um ato público, mas mantiveram o silêncio sobre o caso que tem sido regra desde que recebeu o trono de Espanha do pai, Juan Carlos.
O rei Felipe encolheu o número de membro da Casa Real de Espanha no momento da coroação, em 2014. Apenas ele, a rainha Letizia, a princesa Leonor, a infanta Sofia e os reis eméritos, Juan Carlos e Sofia. Elena e Cristina, não recebem subvenção do Estado espanhol e não têm agenda oficial. Elena e Cristina deixaram de ter atividade pública em nome da Casa Real.
Em 2015, Felipe VI retirou o título de Duques de Palma que Juan Carlos tinha concedido a Cristina e Iñaki Urdangarín quando se casaram em 1997, provocando uma ruptura na relação entre os dois irmãos. Cristina e os filhos têm estado afastados de todas as celebrações oficiais e são considerados 'non gratos' na Zarzuela.
O mal-estar estendia-se ao rei Juan Carlos. Uma vez conhecido o caso, em 2011, escassearam os encontros públicos entre o monarca e a filha. A situação alterou-se em 2017, depois de ser conhecida a absolvição de Cristina. Já na condição de rei emérito, Juan Carlos cumprimentou-a diante das câmaras na missa de enterro de Alicia de Borbon, sua tia. Foi também a primeira vez em dois anos que Felipe e a irmã se encontraram num ato público, apesar de mal se terem olhado.