Manifestações antimáscara juntam centenas em Roma e milhares em Zagreb
No dia em que a Itália registou novos 1.895 casos de infeção pelo novo coronavírus, cerca de mil pessoas manifestaram-se hoje no centro de Roma em protesto contra a obrigação de vacinar as crianças em idade escolar e o uso da máscara.
"Não à obrigação de vacinar, sim à liberdade de escola", "Não à máscara nas escolas, não ao distanciamento", "A liberdade pessoal é inviolável" e "Viva a liberdade", podia ler-se em cartazes transportados pelos manifestantes, a maioria dos quais não usava máscara.
Um dos contestatários tinha uma fotografia do papa Francisco com a palavra "Satanás" e o número "666", considerado um símbolo do diabo. Outros empunharam bandeiras de apoio a Donald Trump.
A multidão era composta essencialmente de militantes antivacinas e das teorias de conspiração, embora a polícia temesse também uma participação significativa de grupúsculos fascistas, próximos deste movimento antigovernamental e antimáscara.
Interrogado antes sobre a manifestação, o chefe do Governo, Giuseppe Conte, respondeu com os números da epidemia em Itália: "Mais de 274.000 infetados e 35.000 mortos. Ponto final".
Conte adiantou estar confiante de que o outono não levará a um novo confinamento geral no país, mas apenas a "intervenções direcionadas" onde for necessário.
Em Zagreb, milhares de croatas concentraram-se este sábado num protesto contra as medidas impostas pelas autoridades para combater a propagação do novo coronavírus, que segundo os manifestantes atentam contra a sua liberdade e os direitos humanos.
"A covid-19 é uma mentira, não somos todos 'covidotes'", ou ainda "Tirem a máscara, apaguem a televisão, vivam plenamente a vossa vida", indicavam alguns dos cartazes exibidos pelos participantes, provenientes de todo o país.
A iniciativa foi designada "Festival da liberdade" pelos organizadores, membros da sociedade civil para quem as medidas governamentais "restringem os direitos fundamentais e as liberdades dos cidadãos" sem "base médica ou legal válida", mas impondo "o distanciamento físico e a privação do contacto físico".
No Facebook, o ministro da Saúde, Vili Berros, reagiu ao referir que não pode aprovar "uma abordagem não científica da covid-19" ."Todas as restrições temporárias apenas têm um objetivo: proteger a saúde e as vidas dos cidadãos croatas. E isso conseguimos", acrescentou.
O país de 4,2 milhões de habitantes registou nos primeiros meses de pandemia menos de 100 contaminações por dia, com uma significativa redução de casos a partir de meados de maio. No entanto, o número de contaminações aumentou após a reabertura das fronteiras da Croácia ao turismo, ultrapassando os 200 casos diários em agosto e atingindo um recorde de 369 novas infeções na quinta-feira.
Desde meados de julho, o Governo de Zagreb impôs o uso obrigatório de máscara nos transportes públicos, estabelecimentos comerciais e todos os serviços em contacto com clientes. O número de pessoas permitidas em ajuntamentos varia segundo as regiões.
A Croácia, que integra a União Europeia, registou até ao momento cerca de 12 mil casos de coronavírus e 197 mortes relacionadas com a doença, indicam os dados oficiais.
A Itália registou 1.695 novos casos de infeção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, e superou a barreira dos 276 mil infetados desde o início da crise pandémica, divulgou hoje o Ministério da Saúde italiano.
Em termos totais, e desde o início da crise da doença covid-19 no país, em 21 de fevereiro, Itália contabiliza 276.338 casos de pessoas que ficaram infetadas pelo novo coronavírus.
O número de novas infeções regista um decréscimo face aos valores de sexta-feira (1.733), mas também foram realizados menos testes (107.658 em comparação com os 113.085 contabilizados na sexta-feira).
Nas últimas 24 horas, foram contabilizadas 16 novas vítimas mortais associadas à covid-19, o maior número de óbitos desde 16 de julho, o que eleva para 35.534 o número de mortos com a doença registadas no país desde fevereiro.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde italiano, 583 doentes foram dados como recuperados nas últimas 24 horas, com o país a totalizar 209.610 pacientes que conseguiram superar a infeção pelo novo coronavírus.
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, afirmou hoje que o país vai prosseguir com medidas para conter a propagação do vírus, medidas essas que não contemplam, neste momento, um novo confinamento a nível nacional.
Giuseppe Conte esclareceu, no entanto, que os planos do Governo italiano admitem, caso seja necessário, intervenções concretas e pontuais em certas áreas mais afetadas.
Dentro da sua estratégia para detetar novos casos de infeção, as autoridades italianas estão a realizar testes em todos os aeroportos e portos do país, em especial a pessoas que chegam de países classificados como "de risco", como é o caso de Espanha, Grécia, Malta e Croácia, territórios que são destino de férias de muitos italianos.
"Podemos enfrentar o outono com confiança", afirmou Giuseppe Conte.
A Santa Casa da Misericórdia de Lousada (Porto), suspendeu temporariamente todos os seus serviços, depois do registo de 19 casos de infeção pelo novo coronavírus na Unidade de Cuidados Continuados Integrados do hospital, sob a sua responsabilidade.
O fecho dos serviços, decidido em articulação com a saúde publica, é uma medida de precaução, referiu a Santa Casa, em comunicado.
Mantendo apenas os serviços mínimos necessários, a Santa Casa transferiu 10 doentes que testaram negativo para a covid-19 para a Instituição Rovisco Pais, unidade de tipologia de convalescença, em Coimbra.
Entretanto, foi desencadeado um processo de desinfeção e limpeza por equipa especializada e foram revistos os circuitos, sublinhou.
"Restruturámos e concluímos o piso 2 da nova ala do Hospital de Lousada para a criação de uma área covid-19. Foram criados todos os circuitos e implementados procedimentos que garantem o isolamento total da área covid-19 do restante hospital", ressalvou.
A Hungria flexibilizou algumas das restrições no encerramento das fronteiras, em vigor desde terça-feira para travar a progressão da pandemia de covid-19, passando a permitir a entrada de cidadãos estrangeiros em diversas situações. Segundo o decreto do Governo húngaro publicado na sexta-feira e que estipulou o alívio das restrições a partir da meia-noite de sábado, os artistas e técnicos estrangeiros que queiram entrar no país para participar em eventos culturais podem fazê-lo com dois testes negativos feitos em cinco dias e com pelo menos 48 horas de intervalo.
Já os cidadãos estrangeiros que pretendem assistir a eventos desportivos e culturais podem entrar na Hungria com o bilhete para o evento e um teste negativo feito em menos de três dias, mas sob a condição de, ao entrar no país, poderem ser submetidos a um novo teste.
No caso de viagens de negócios, os estrangeiros podem entrar no espaço húngaro sem limitações, desde que justifiquem com documentos o objetivo da sua viagem. Da mesma forma, aqueles que precisem de atravessar a fronteira por motivos de trabalho também podem fazê-lo dentro de determinadas condições.
A Comissão Europeia tinha-se insurgido logo que foram anunciadas restrições da Hungria à circulação nas fronteiras, ao sair em defesa da integridade do espaço Schengen e contra a discriminação dos cidadãos da União Europeia, exigindo que as restrições fossem retiradas.
Nas últimas 24 horas, a Índia registou 86 432 infeções, acumulando mais de 4.023.179 desde o início da pandemia e aproximando-se do Brasil (o segundo país do mundo com mais casos), com 4.092.832 contágios, segundo os dados oficiais.
Também nas últimas 24 horas o país registou mais 1 089 mortes, elevando o total de óbitos para 69 561.
Os peritos têm questionado se alguns estados indianos têm identificado de forma correta o número de mortos devido à covid-19 e temem que o número seja ainda maior. Num país com 1,4 mil milhões de habitantes, apenas os locais mais afetados pelo vírus permanecem em isolamento.
A polícia australiana deteve, em Melbourne, no estado de Vitória, o mais atingido pela pandemia da covid-19, várias pessoas que participavam em protestos contra o confinamento.
Depois de ter apelado à população para respeitar as restrições de movimentos, a polícia deteve quatro homens acusados de incitarem aos protestos no chamado "Freedom Day" (dia da liberdade), planeados para decorrerem hoje em vários pontos de Melbourne, tendo ainda detido vários manifestantes, alguns dos quais por não usarem máscara.
O Governo deverá anunciar no domingo como e quando serão levantadas as medidas de condicionamento em Melbourne e na região.