Igreja chilena veta "beijos na boca", "palmadas nas nádegas" e "abraços muito apertados"
A hierarquia da Igreja Católica chilena está a tentar recompor a credibilidade dos seus sacerdotes e nesse sentido, tendo em conta o escândalo de abusos sexuais que atingiu o edifício do clero daquele país, resolveu traçar diretrizes rígidas e que vão no sentido de que não existam mais queixas.
Assim há uma circular que proíbe "abraços muito apertados", "dar palmadas nas nádegas, tocar na zona genital e no peito", "fazer massagens", "beijar na boca" e ainda "dormir ou permanecer deitado com crianças ou adolescentes".
Esta norma é assinada pelo arcebispo Ricardo Ezzati, que no documento omite, estrategicamente ou não, qualquer alusão a abuso sexual.
O documento, conhecido agora mas ainda em aberto até a uma versão final que deverá conhecer a luz em abril do próximo ano, fala ainda de uma proibição explícita aos sacerdotes em abraçar "por trás" e "jogos que envolvam tocar inadequadamente".
Noutro capítulo é recomendado que os padres chilenos não violem a privacidade, tirando fotos a crianças, adolescentes ou adultos quando estes se encontram nus ou a tomar banho. E remata: "Qualquer material sexualmente explícito ou pornográfico é absolutamente inadmissível", refere o documento.
O mesmo foi conhecido no último fim de semana e não colheu grandes elogios, tendo o arcebispo Ricardo Ezzati afirmado que este documento foi elaborado a partir de normas internacionais e, por isso, a tradução foi literal sem a adequação perfeita de alguns termos. A contestação surgiu pois a opinião pública considerava que a elaboração deste documento mostrava que o clero chileno "não percebeu nada sobre a tragédia".
Há, neste momento, 126 casos de alegados abusos sexuais de padres chilenos a serem investigados pelas autoridades e o Papa Francisco já ouviu, uma a uma, algumas vítimas.