A perseguição sistemática da minoria muçulmana rohingya em Myanmar oferece "provas sólidas" para a qualificar como um ato de genocídio, conclui um estudo jurídico apresentado hoje em Banguecoque, em que se pede à ONU que estabeleça uma comissão de inquérito..O documento, elaborado pela Faculdade de Direito da Universidade de Yale, nos EUA, refere que as autoridades de Myanmar cometeram violações contra os rohingya com a intenção de eliminar "parte ou totalmente" esta minoria..Em Myanmar não reconhece a cidadania dos rohingya - considerados pelas Nações Unidas como a minoria étnica mais perseguida em todo o mundo - que viram a sua condição agravar-se em 2012 na sequência de surtos de violência sectária com a maioria budista do estado de Rakhine, no oeste do país, que resultaram em dezenas de mortos..Desde então, as autoridades limitaram a sua liberdade de movimentos, forçando milhares a viver confinados nas suas aldeias ou amontados em campos de refugiados, e aprovaram leis que restringem o número de filhos e os casamentos inter-religiosos.."Vivem em condições que parecem pensadas para causar a sua destruição", indica o estudo, baseado em três anos de investigação da organização Fortyfy Rights, em entrevistas a testemunhas e em documentos internos do governo de Myanmar e da ONU.."Os atos cometidos contra os rohingya, individuais ou coletivos, reúnem os critérios enumerados pela convenção contra o genocídio", refere o estudo, o primeiro que aplica esta convenção da ONU ao caso dos muçulmanos rohingya..Entre outros, a investigação denuncia atos do exército, polícias e forças de segurança que provocaram a morte ou danos físicos e mentais aos rohingya, deterioração das suas condições de vida para causar destruição física e impuseram medidas para prevenir a sua reprodução..O estudo conclui que diante da discriminação de que são alvo os rohingya, o governo de Myanmar e outros atores em Rakhine, à margem das suas motivações, agiram com "intenção" de cometer genocídio..Os autores do relatório e a Fortyfy Rights instam, por isso, o Conselho dos Direitos Humanos da ONU a estabelecer uma comissão de investigação relativamente aos crimes cometidos contra os rohingya, incluindo o de genocídio, ao abrigo da lei internacional.