O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, assinam esta quinta-feira, na serra da Gorongosa, o acordo de cessação das hostilidades, para acabar, formalmente, os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição..A assinatura do acordo foi anunciado na quarta-feira, em Maputo, por Filipe Nyusi, quando prestava informação sobre o estado da Nação na Assembleia da República..O entendimento entre os dois líderes acontece depois de se ter iniciado na segunda-feira desta semana o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos membros do braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e a entrega pelo partido dos oficiais que vão integrar a Polícia da República de Moçambique (PRM)..No âmbito do diálogo entre o governo moçambicano e a Renamo para uma paz duradoura, o principal partido da oposição entregou igualmente nomes de oficiais seus que nomeados para postos de comando nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM)..O atual processo negocial resultou igualmente na aprovação de um pacote legislativo de descentralização, que prevê a eleição de governadores das 10 províncias moçambicanas nas eleições gerais de 15 de outubro..Antes dessa previsão legal, os governadores provinciais eram nomeados pelo chefe do Estado..O Governo moçambicano e a Renamo já assinaram em 1992 um Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra civil, mas que foi violado entre 2013 e 2014 por confrontos armados entre as duas partes, devido a diferendos relacionados com as eleições gerais..Em 2014, as duas partes assinaram um outro acordo de cessação das hostilidades militares, que também voltou a ser violado até à declaração de tréguas por tempo indeterminado em 2016, mas sem um acordo formal..Ossufo Momade, que tal como Nyusi será candidato às eleições de 15 de outubro em Moçambique, sucedeu a Afonso Dhlakama na liderança da Renamo, depois de este ter morrido a 3 de maio de 2018..António Costa diz que esta é uma excelente notícia para Moçambique.O primeiro-ministro português, António Costa, considerou que "o acordo de paz com a Renamo anunciado na quarta-feira em Maputo é uma excelente notícia para Moçambique e para a África lusófona".."A paz é o melhor caminho para o desenvolvimento e prosperidade", afirma o primeiro-ministro na sua conta na rede social Twitter, acrescentando: "Os moçambicanos merecem".."Portugal saúda esta notícia com alegria e sólida esperança no futuro", refere ainda António Costa..CPLP fala em grande oportunidade de desenvolvimento económico e social.O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) considerou o acordo de cessação de hostilidades em Moçambique "uma boa notícia" que permite um desenvolvimento económico e social sustentado do país e condições para o investimento estrangeiro.."Este acordo representa a possibilidade de um desenvolvimento económico e social mais sustentado do país e cria sem dúvida melhores condições para o investimento estrangeiro", afirmou o embaixador Francisco Ribeiro Telles, em declarações à Lusa por telefone..O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou na quarta-feira na Assembleia da República que vai assinar na quinta-feira o acordo para a cessação definitiva das hostilidades militares com o líder da Renamo, Ossufo Momade, na Gorongosa, centro do país..Dando como exemplo o acordo assinado entre Moçambique e os Estados Unidos para prospeção de gás no território moçambicano, através de um investimento da norte-americana Anadarko, Ribeiro Telles sublinhou que este tipo de projetos "pressupõem condições de paz e estabilidade, e o acordo vem ao encontro disso"..O acordo é, para o diplomata, "uma boa notícia para o país, para a região e para a CPLP"..Para Moçambique, "é muito importante ter estabilidade e desenvolvimento económico e social", salientou, referindo que "há países muito interessados em colaborar e cooperar com Moçambique e para isso é importante que haja estabilidade"..Para a região, "é importante, porque deixa de haver ali um foco de uma certa instabilidade que tinha a ver com o facto de não haver este acordo"..Para a CPLP, também é bom, por ser um dos seus Estados membros que encontrou "o caminho para a paz e estabilidade", explicou o embaixador, frisando que aquela comunidade "tem tido boas notícias nos últimos tempos: este acordo de paz e a formação de um governo na Guiné-Bissau"..Na opinião de Ribeiro Telles, este acordo "tem condições para ser definitivo"..Recordando conversas que teve "com altos dirigentes", durante a sua recente visita a Moçambique, o secretário-executivo da CPLP disse ter constatado que havia "uma certa saturação em relação a um processo que não tinha fim, e este acordo vem culminar este processo"..Santos Silva refere que acordo é um grande passo para a paz.O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, congratulou-se igualmente com o anúncio da assinatura do acordo entre o Estado e a Renamo em Moçambique, considerando tratar-se de "um passo enorme" para a paz e estabilidade.."Este acordo significará um passo enorme para a paz e a estabilidade de Moçambique e um fator muito importante para o desenvolvimento económico e social, para o bem-estar e para a segurança das populações moçambicanas", disse Santos Silva à agência Lusa..O chefe da diplomacia portuguesa considerou ainda que a assinatura do acordo "constitui um marco muitíssimo decisivo" na vida de Moçambique e de toda região.."Portanto, é decisivo também no que diz respeito a Portugal", acrescentou, manifestando "enorme jubilo e satisfação" com a notícia.."Fomos acompanhando o trabalho muito intenso, demorado, mas empenhado, conduzido ao mais alto nível...]. Um trabalho que teve um objetivo que agora foi cumprido...] de trazer a paz a Moçambique definitivamente, celebrando um acordo para a cessação definitiva das hostilidades militares que ainda restavam entre a Renamo e o Estado moçambicano", acrescentou.