França vai pedir à OCDE para seguir o seu exemplo e reclassificar o Panamá como paraíso fiscal, na sequência da investigação conhecida como "Papéis do Panamá", disse hoje o ministro das Finanças francês..Questionado pela rádio francesa Europe 1, Michel Sapin afirmou que deseja "que a OCDE (...) se reúna para a mesma decisão [da França em relação ao Panamá] ser tomada por todos os países envolvidos"..Sapin anunciou na terça-feira que a França vai voltar a incluir o Panamá na lista de países que não cooperam no combate à evasão fiscal, por causa dos "Panama Papers".."A França decidiu voltar a pôr o Panamá na lista de países não-cooperativos, com todas as consequências que isso implica para quem fizer transações" financeiras com aquele país da América central, disse Sapin no parlamento francês..O Panamá "queria que acreditássemos que podia respeitar os grandes princípios internacionais", "foi assim que conseguiu evitar estar na lista negra de paraísos fiscais", acrescentou o ministro..A França retirou o Panamá da lista de Países e Territórios Não-Cooperativos em 2012, depois de os dois países concluírem um acordo bilateral sobre combate à evasão fiscal..O Panamá consta de uma lista de 30 paraísos fiscais divulgada pela Comissão Europeia em junho de 2015, a par de Hong Kong, na Ásia, Mónaco, Andorra e Guernsey, na Europa, e territórios caribenhos com as Ilhas Caimão e as Ilhas Virgens britânicas..Em contrapartida, o Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), um organismo intergovernamental de luta contra o branqueamento de capitais, retirou o Panamá da sua "lista negra" no princípio de 2016..Os "Papéis do Panamá" são o resultado da maior investigação jornalística da história, divulgada na noite de domingo, envolvendo o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington..Na investigação são destacados os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais..A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas "offshore" em mais de 200 países e territórios..A partir dos Papéis do Panamá (Panama Papers, em inglês) como já são conhecidos, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em "offshores" e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.